- Sexta-feira, 21 de março de 2025

Expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente em 1 ponto percentual a taxa de juros (Selic) na segunda reunião do ano
O Comitê de Política Monetária () do decide, nesta semana, a próxima taxa básica de juros do país, a , que ficará vigente por 45 dias. A expectativa é de nova alta nos juros, previamente contratada pelo comitê na última reunião.
A segunda do Copom deste ano está marcada para terça-feira (18/3) e quarta-feira (19/3). A decisão final será comunicada após o fim do segundo dia de deliberações da diretoria do BC.
Na ata anterior, de janeiro, o colegiado indicou que, caso o cenário de avanço dos preços perdurasse, seria necessário fazer ajuste de pelo menos 1 ponto percentual. Dessa forma, — mesmo patamar de julho de 2015, época da crise no governo da ex-presidente .
Entenda a situação dos juros no Brasil
A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação. Quando a inflação está elevada, o BC age aumentando os juros, na tentativa de conter o consumo.
A expectativa é de novas altas nos juros ainda no primeiro trimestre, com taxa próxima a 15% ao ano.
O mercado financeiro estima que a Selic ficará em 15% ao ano até o fim de 2025, segundo o relatório Focus.
Projeções mais recentes mostram que o mercado desacredita em um cenário em que a taxa de juros volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o e do mandato de Gabriel Galípolo à frente do BC.
Com a , considerado o termômetro da inflação, a alta da Selic é dada como certa pelo mercado financeiro, que aposta no aumento de 1 ponto percentual na taxa.
Caso se confirme, este será o quinto avanço consecutivo da Selic. A adoção de política monetária mais contracionista (ou seja, o aumento dos juros) começou em setembro de 2024, quando .
No entanto, o BC não sinalizou um fim do ciclo de altas. Segundo o Copom, a magnitude do ciclo de aperto monetário será ditada pelo compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação.
A condução da política monetária tem sido alvo de críticas de membros do governo. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, considerou .
“É uma imbecilidade. Nós precisamos estimular o crescimento da economia, produzir mais para controlar a inflação. Não é inibir. Se a gente inibir crédito e aumentar juros, você inibe investimento. Se você inibe investimento, você está inibindo ter mais produção para ter mais produto na prateleira para controlar a inflação pela oferta”, argumentou.
Juros altos desaceleram a economia
Ao elevar a Selic para conter a inflação, a consequência esperada é a redução do consumo e dos investimentos no país. O crédito fica mais caro, e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para os consumidores e produtores.
Para Pedro Ros, CEO da Referência Capital, a política fiscal e as restrições de crédito tornaram o “cenário desafiador” tanto para o presidente quanto para o Banco Central.
“Para este ano, esperamos um crescimento mais moderado, exigindo que empresas se adaptem às novas tendências e aos desafios econômicos”, explicou Ros.
A , enquanto o BC projeta aumento de 2,1% do PIB.
Felipe Vasconcellos, da Equus Capital, avalia que a política monetária atual, mais restritiva, “já está impactando o custo do crédito e está desacelerando o ritmo de crescimento econômico em 2025”.
Segundo ele, a economia brasileira pode crescer de forma sustentável apenas quando “o país apresentar uma sólida estabilidade fiscal e conduzir com sucesso reformas estruturais”. Para Felipe, isso ainda parece “distante” devido às ações do governo.
Fantasma da inflação assombra governo Lula
O Brasil tem IPCA de 5,06% no acumulado dos últimos 12 meses — bem acima do teto da meta deste ano, que é de 4,50%. Caso siga acelerando e acima da meta até junho, o objetivo será considerado descumprido (entenda a seguir).
Uma das maiores preocupações do governo Lula , que impacta diretamente o bolso do consumidor e é puxado pelo alto patamar da inflação.
Para baratear alguns produtos, . No entanto, a medida é considerada ineficaz por economistas.
Nos últimos meses, . Com o objetivo de reverter a queda na popularidade, o governo vem apostando em medidas mais populares.
Meta inflacionária pode ser descumprida
Agora, a meta de inflação do Brasil é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Se o IPCA acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, .
Em 2025, a meta inflacionária é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual — isso significa piso de 1,5% e teto de 4,5%. Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.
O próprio — o que caracterizaria o descumprimento da meta inflacionária em 2025.
Se a meta for descumprida, o BC precisa divulgar carta aberta ao ministro da Fazenda — neste caso, — explicando as razões para o estouro. Isso porque a autoridade monetária tem o papel de conter o avanço dos preços por meio da taxa Selic.
O Copom se reúne oito vezes no ano. O comitê decide, a cada 45 dias, a taxa Selic vigente
Por: Metrópoles