• Segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

Oposição apresenta novo pedido de impeachment contra Moraes

Congressistas baseiam documento em supostas tratativas do ministro no caso do Banco Master e querem CPMI.

A oposição ao governo federal na Câmara dos Deputados apresentou nesta 2ª feira (29.dez.2025) um novo pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O documento, que cita reuniões de Moraes com Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, será enviado ao presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP). Leia a íntegra do texto (PDF – 701kB).

Na peça, afirmam que a atitude do ministro de procurar Galípolo, ao menos 4 vezes, para fazer pressão em favor do Banco Master –como noticiada pela jornalista Malu Gaspar, e negada por Moraes– não condiz com o que se espera de uma ministro do STF. O documento pede o afastamento de Moraes e sua condenação pela Lei 1.079, de 1950, –de crimes de responsabilidade. 

O líder da oposição na Câmara, Cabo Gilberto (PL-RJ), afirmou que o pedido será protocolado no início do ano parlamentar, em fevereiro de 2026. Até lá, afirmou, esperam conseguir ao menos 200 assinaturas. 

“Temos que esperar os demais congressistas que não puderam interromper seus recessos. Temos a assinatura de 100 deputados e 14 senadores. Queremos chegar a 200 congressistas”, afirmou em entrevista a jornalistas na Câmara dos Deputados. 

Para que um pedido de impeachment de ministro do STF seja apresentado ao Senado, não há exigência legal de número mínimo de assinaturas. 

Após protocolado, cabe exclusivamente ao presidente do Senado decidir se o pedido será arquivado ou se terá andamento. As assinaturas de parlamentares servem apenas para reforçar o peso político da iniciativa, e não como requisito formal. Se o pedido for aceito, o Senado passa a analisar o caso, exigindo-se 2/3 dos senadores para eventual condenação.

O deputado Carlos Jordy (PL-RJ), afirmou que a oposição também irá apresentar um pedido de abertura de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para analisar o suposto envolvimento de Moraes com o Master. 

“Vamos protocolar esse pedido de impeachment e nos engajarmos na CPMI do Banco Master”, disse em entrevista a jornalistas na Câmara dos Deputados.

Ele afirma que pretende conseguir as assinaturas para que a CPMI se inicie no retorno do recesso parlamentar, em fevereiro de 2026. Por enquanto o pedido tem a assinatura de 170 deputados e 20 senadores. 

“Assim que voltarmos aos trabalhos legislativos já instalaremos a CPMI e assim passar tudo isso a limpo e não deixar que o Supremo Tribunal Federal, na figura de Alexandre de Moraes, continue envergonhando o nosso país”, declarou. 

Para abrir uma CPMI, a Constituição exige a assinatura de, no mínimo, 1/3 dos deputados federais (171) e 1/3 dos senadores (27), além da indicação de fato determinado e prazo certo para funcionamento. Deputadas da esquerda, como Heloisa Helena (Rede-RJ) e Fernanda Melchiona (PSOL-RS), também defendem a abertura de uma CPMI que investigue o Master.

A colunista Malu Gaspar publicou, na 4ª feira (24.dez), reportagem na qual relata que o ministro Alexandre de Moraes teria feito contatos com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em meio à crise do Banco Master. A apuração também menciona a existência de um contrato firmado entre o banco e o escritório de advocacia da esposa do ministro, o que ampliou os questionamentos sobre o caso.

Segundo a reportagem, o contrato do escritório teria sido celebrado antes da decretação da liquidação extrajudicial do Banco Master e previa a prestação de serviços jurídicos. O texto afirma ainda que Alexandre de Moraes manteve reuniões e conversas com o presidente do Banco Central em período próximo à intervenção na instituição financeira, fato que passou a ser explorado por críticos como possível indício de conflito de interesses.

Em nota, o ministro Alexandre de Moraes e o Banco Central negaram qualquer interferência ou atuação do magistrado no processo que resultou na liquidação do Master. Ambos sustentam que os contatos ocorreram no âmbito institucional e não tiveram relação com a situação específica do banco.

Por: Poder360

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