O Unep (United Nations Environment Programme) divulgou nesta 3ª feira (9.dez.2025) um estudo sobre o meio ambiente global já realizado. O relatório “The Global Environment Outlook, Seventh Edition: A Future We Choose” (GEO-7) indica que abordagens que envolvam toda a sociedade e todos os governos para transformar sistemas econômicos, financeiros, de materiais, energia, alimentação e meio ambiente podem ter benefícios macroeconômicos globais de até US$ 20 trilhões anuais até 2070. A apresentação do documento foi realizada durante a sétima sessão da Assembleia Ambiental das Nações Unidas em Nairobi, no Quênia.
O relatório é resultado do trabalho de 287 cientistas multidisciplinares de 82 países e examina os impactos das mudanças climáticas, perda de biodiversidade, degradação do solo, desertificação e poluição sobre o planeta, populações e economias. De acordo com o estudo, os benefícios macroeconômicos globais começarão a aparecer em 2050, vão crescer para US$ 20 trilhões anuais até 2070 e poderão atingir US$ 100 trilhões por ano posteriormente. As vias de transformação propostas preveem redução da exposição a riscos climáticos, diminuição da perda de biodiversidade até 2030 e aumento de terras naturais.
Um fator-chave considerado pelo estudo para essa abordagem é abandonar o PIB como único indicador econômico e adotar métricas que também acompanhem o capital humano e natural, incentivando economias a se moverem em direção à circularidade, descarbonização do sistema energético, agricultura sustentável e restauração de ecossistemas.
O relatório mostra que 9 milhões de mortes prematuras poderiam ser evitadas até 2050 através de medidas como a redução da poluição do ar. No mesmo período, quase 200 milhões de pessoas poderiam sair da subnutrição e mais de 100 milhões da pobreza extrema. Para alcançar emissões líquidas 0 até 2050 e garantir financiamento adequado para conservação e restauração da biodiversidade, seria necessário um investimento anual de aproximadamente US$ 8 trilhões até 2050.
O documento apresenta duas vias de transformação, analisando mudanças comportamentais para reduzir o consumo material e alterações baseadas principalmente no desenvolvimento tecnológico e ganhos de eficiência. Estas vias exigiriam mudanças abrangentes em 5 áreas-chave: economia e finanças, materiais e resíduos, energia, sistemas alimentares e meio ambiente.
As emissões de gases de efeito estufa aumentaram 1,5% ao ano desde 1990, atingindo um novo recorde em 2024, o que eleva as temperaturas globais e intensifica os impactos climáticos. O custo dos eventos climáticos extremos atribuídos às mudanças climáticas nos últimos 20 anos é estimado em US$ 143 bilhões anualmente.
De 20% e 40% da área terrestre mundial está degradada, afetando mais de três bilhões de pessoas, enquanto um milhão das oito milhões de espécies estimadas estão ameaçadas de extinção. O custo econômico dos danos à saúde apenas pela poluição do ar foi de aproximadamente US$ 8,1 trilhões em 2019, representando cerca de 6,1% do PIB global.
Sem ação efetiva, a temperatura média global provavelmente excederá 1,5°C acima dos níveis pré-industriais no início da década de 2030, ultrapassando 2,0°C na década de 2040 e continuando a subir. Nesse cenário, as mudanças climáticas reduziriam 4% do PIB global anual até 2050 e 20% até o final do século.
A degradação da terra deve continuar nas taxas atuais, com o mundo perdendo anualmente terras férteis e produtivas equivalentes ao tamanho da Colômbia ou da Etiópia. As mudanças climáticas poderiam reduzir a disponibilidade de alimentos per capita em 3,4% até 2050. Os 8 bilhões de toneladas de resíduos plásticos que poluem o planeta continuarão a se acumular, aumentando as perdas econômicas relacionadas à saúde, estimadas em US$ 1,5 trilhão anuais.





