O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reuniu-se na 2ª feira (8.dez.2025) com ministros de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e líderes da base do governo, mas não mencionou que levaria adiante a votação do PL da Dosimetria, que reduz penas dos condenados por tentativa de golpe de Estado.
Já na manhã desta 3ª feira (9.dez), Motta anunciou que colocaria o projeto de lei em votação na 4ª feira (10.dez). A omissão causou mal estar no primeiro escalão de Lula e abriu mais uma frente de desgaste entre Executivo e Legislativo.
O encontro da 2ª feira (8.dez) foi na Residência Oficial da Câmara, um convite de Motta. Estavam ministros importantes como Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Segundo integrantes do governo, o encontro tratou apenas de pautas econômicas e da votação do Orçamento de 2026. Não houve sinalização de que o projeto que reduz penas dos condenados pelo 8 de Janeiro entraria na agenda da Câmara.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), disse que a bancada petista não foi informada sobre a articulação. Ele classificou o projeto como uma forma de beneficiar especificamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Farias é o companheiro de Gleisi e tem fácil acesso à Esplanada.
O governo se posicionou contra o PL da Dosimetria. A ministra de Relações Institucionais escreveu no X que o Executivo vai encaminhar voto contrário ao projeto. Segundo Gleisi, a medida representa retrocesso depois de um julgamento histórico que condenou os responsáveis pela tentativa de golpe, incluindo militares de alta patente.
“Um arranjo político não pode fragilizar uma legislação tão importante para a democracia e o país”, declarou Gleisi.
O ministro Guilherme Boulos (PSOL), da Secretaria Geral da Presidência, também criticou a iniciativa, chamando de “inaceitável” a possibilidade de reduzir penas.
Também nesta 3ª feira (9.dez), Lula reconheceu ter um Congresso adverso e reforçou a necessidade de ampliar o diálogo político. A relação do Planalto com a Câmara já vinha deteriorada desde que Motta escolheu Guilherme Derrite (PP-SP), da oposição, para relatar um projeto de autoria do governo, o PL Antifacção.





