Os dados são da Chartmetric, uma startup americana que reúne informações dos principais serviços de streaming e redes sociais para profissionais da indústria da música.
Anitta não fez shows no Brasil para esta turnê, que teve como principal alvo os Estados Unidos, com passagem por cinco cidades -Los Angeles, Boston, Miami e Orlando, além de Nova York, que recebeu duas apresentações, depois que os cerca de 2.700 ingressos à venda para a primeira data se esgotaram.
A "The Baile Funk Experience" coroou o investimento de quase uma década da cantora para construir sua carreira internacional. Além do lançamento de músicas em que canta em espanhol e em inglês, a estratégia incluiu um contrato com uma gravadora internacional –a Republic Records, mesma casa de astros como Taylor Swift– e a participação numa série de programas de televisão estrangeiros, com os de Jimmy Fallon, Jimmy Kimmel e James Corden.
Seu pico de ouvintes nos Estados Unidos foi registrado em 20 de maio, um dia antes do início de sua turnê pelo país, depois de se apresentar no "The Voice" americano e pouco antes de participar da bancada de jurados do reality show RuPaul's Drag Race e do Today Show, um dos programas matinais de maior audiência na televisão dos Estados Unidos.
Anitta, aliás, hoje se divide entre o Rio de Janeiro, Miami e Los Angeles. O objetivo dos shows internacionais -em casas muito menores do que as que ela se apresenta no Brasil, para não mais do que 3.000 pessoas- era mostrar seu trabalho para os estrangeiros, com uma setlist que atravessou quase todas as fases de sua carreira.
Nesse período, a cantora também criou conexões com nomes importantes da indústria musical americana. No Instagram, por exemplo, ele tem entre seus seguidores pilares do panteão da música pop feminina –como Jennifer Lopez, Katy Perry, Cardi B, Dua Lipa e Demi Lovato–, além de Snoop Dogg e Shawn Mendes.
Seu crescimento nos Estados Unidos e no México representa um avanço, tanto que "Envolver", a música que a levou ao topo das mais tocadas no Spotify global há cerca de dois anos, tinha como base o público brasileiro. Ele era responsável por 60% dos plays, num movimento contrário ao dos hits que normalmente atingem essa posição, encampando as paradas de quase todos os países ao mesmo tempo.
É também um feito raro em relação à maioria dos cantores brasileiros na busca de uma carreira internacional. No Spotify, nenhum deles conseguiu ter um mercado maior do que o Brasil nem ter, na segunda posição, outro país que não seja Portugal -um território que, no ranking Anitta, ocupa o 15ª lugar.
O crescimento ainda não faz de Anitta uma superestrela no exterior. Pelo contrário, seus números ainda são modestos. Fora do Brasil, seu nome não aparece entre os 50 cantores mais tocados de nenhum dos dez países que mais ouvem suas músicas -nem no recorte de artistas estrangeiros.
Mas as cifras são significativas. Seus 4,9 milhões de plays no México em julho representam mais da metade dos 8,6 milhões que Pedro Sampaio registrou no mundo todo durante o mesmo período, ou ainda dos 7,9 milhões conquistados por Gloria Groove -para citar outros dois artistas do pop e que também fizeram turnês internacionais neste ano.
Se quiser atingir o patamar de latinos como Shakira ou Bad Bunny no exterior, sobretudo em países com mercados concorridos, como os Estados Unidos -que tem quatro vezes mais artistas registrados no Spotify do que o Brasil-, Anitta ainda terá muito trabalho. Ao que seu crescimento indica, no entanto, ela está no caminho certo.