A presidente do Instituto Menopausa Feliz, Adriana Ferreira, viveu situação parecida.“Foi um furacão, uma tempestade, um chacoalhão”, conta. Ela complementa: “Tinha uma exaustão tão grande que eu queria ficar deitada no sofá.” Irritabilidade, insônia e perda de libido estavam entre os sinais mais fortes".
Ao Caminhos da Reportagem, a ginecologista Beatriz Tupinambá explica que o melhor momento para iniciar o tratamento é antes da menopausa, no climatério. Além disso, alerta que os sintomas revelam mudanças mais profundas, como perda óssea, risco cardiovascular e aumento da hipertensão. “Depois da menopausa, duas mulheres enfartam para cada homem”, afirma a médica.“No meu prontuário era colocado ‘mulher poliqueixosa’. Nunca tinha ouvido a palavra climatério”, revela. Ambas melhoraram com a Terapia de Reposição Hormonal, recomendada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, de acordo com cada caso.
Menopausa precoce
De acordo com especialistas, a menopausa precoce afeta cerca de 1% das mulheres. A atriz Julieta Zarza recebeu o diagnóstico aos 37 anos. “A minha sensação foi que havia um carimbo na testa: data de validade vencida”, diz. A confeiteira Nayele Cardoso passou pelo mesmo aos 27. “A única coisa que a médica disse foi que eu não ia poder ter filhos”, lembra. Fatores genéticos, cirurgias, quimioterapia ou doenças autoimunes podem antecipar a menopausa, explica a clínica geral Andrea Alvarenga. Uma pesquisa feita pela consultoria Korn Ferry ouviu mais de 8 mil mulheres em três países e mostrou que 47% sentiram impactos no trabalho com a menopausa. “Os três sintomas mais presentes eram estresse, dificuldade de concentração e perda de paciência”, diz Adriana Rosa, sócia da Korn Ferry. Desde 2004, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher orienta o cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS). O manual está em atualização.O Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP) é a principal referência pública no país.“Não temos tantas ações voltadas para mulheres na transição da menopausa”, afirma Maria Teresa Rossetti Massari, da Fiocruz. O Ministério da Saúde diz que há suporte na atenção primária, com consultas, exames, medicamentos e práticas integrativas. Casos mais complexos são encaminhados para especialistas.
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