O MDB apresentará na próxima 4ª feira (22.out) seu novo programa partidário. Vai substituir o “Ponte para o Futuro”, lançado pouco antes de Michel Temer assumir a presidência, em 2016.
O documento está sendo coordenado pelo deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Fundação Ulysses Guimarães. Pretende servir de bússola para governadores, prefeitos e congressistas da sigla. O Poder360 teve acesso à minuta do texto, que será divulgada nacionalmente na próxima semana.
Segundo Moreira, o programa parte de uma “análise crítica do Brasil que caminha pelos extremos” e busca construir consenso “a partir do centro político, que é ponto de chegada, não de partida”.
“Dia 22 de outubro nós entregaremos um projeto que é o ‘Brasil precisa pensar o Brasil’. Fizemos uma análise crítica do que é o Brasil que caminha pelos extremos. O principal problema é que hoje é praticamente impossível provocar uma conversa de consenso”, disse Moreira a este jornal digital.
Assista à entrevista (25min17seg):
O documento traz diretrizes econômicas e políticas que devem orientar a legenda nos próximos anos.
Eis os principais pontos:
Alceu Moreira afirmou que o novo texto marca um reposicionamento do MDB “contra o ódio e as polarizações”.
“O MDB é por natureza um partido de centro e centro em política não é ponto de partida. Centro político é ponto de chegada. Tu cria um centro a ser atingido e traz as pessoas dos mais diversos vértices para chegar no centro. Isso é compor o consenso.”
O documento defende uma reforma administrativa que reduza privilégios e busque o que Alceu chama de “Estado necessário” –nem mínimo, nem máximo.
“Tem que tirar do nosso meio toda despesa desnecessária. Isso é ter um Estado enxuto. Trabalhar no serviço público com meritocracia, usar a meritocracia como forma de medir a eficiência do trabalho […] Se a tecnologia resolveu tanta coisa, por que aquela sala ainda está cheia de gente? Lá tem gente desnecessária. O Estado tem que reduzir as despesas em todos os setores.”
Um dos pontos principais do texto é que se coloca contra “penduricalhos” e privilégios, sobretudo à possibilidade de a própria classe beneficiada criar a sua regalia
“Quem julga direito de juiz é juiz. Quem julga direito de promotor é promotor. Eles se autoprotegem e quem paga a conta nunca é consultado por isso. Nós queremos outro desenho.”
O texto defende abandonar o foco no déficit primário e adotar como principal indicador a relação dívida/PIB, com ênfase na retomada da confiança e da produtividade.
“A relação dívida/PIB é muito mais completa que o déficit primário. Se qualificarmos nossa massa produtiva, o PIB cresce e a despesa relativa fica menor.”
Alceu Moreira diz acreditar que o projeto pode recolocar o país em trajetória de crescimento sustentado.
“Se o Brasil eleger um presidente inteligente, pragmático e sem firulas, em 8 anos estaremos no 1º mundo. Tendo confiança dos envolvidos, governo e empresários, esse avião chamado Brasil decola.”
O MDB reforça em seu texto o compromisso com o liberalismo econômico, mas com “profunda responsabilidade social”.
“O MDB é liberal na economia e com profunda responsabilidade social. É impossível fazer uma economia saudável sem trazer as pessoas para o processo produtivo.”