• Quarta-feira, 23 de julho de 2025

Maior escândalo: empresa admite composto tóxico em ração que matou quase 800 cavalos

Comunicado enviado ao Metrópoles confirma presença de substância letal em produtos da Nutratta; entre as vítimas está um cavalo Mangalarga Marchador avaliado em R$ 12 milhões. Ministério da Agricultura suspendeu vendas e iniciou investigação nacional.

Comunicado enviado ao Metrópoles confirma presença de substância letal em produtos da Nutratta; entre as vítimas está um cavalo Mangalarga Marchador avaliado em R$ 12 milhões. Ministério da Agricultura suspendeu vendas e iniciou investigação nacional. O que começou como casos isolados de intoxicação animal se transformou no maior escândalo sanitário da história recente da equinocultura brasileira. Em nota enviada ao Metrópoles na última terça-feira (22/7), a empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda admitiu pela primeira vez a possível presença da substância tóxica monocrotalina na ração comercializada para cavalos. O composto, produzido por plantas do gênero Crotalaria, tem efeito letal em equinos. A admissão veio após quatro meses de mortes sucessivas de cavalos em diversos estados do Brasil. Segundo levantamento da advogada Maria Alessandra Agarussi, já são ao menos 788 óbitos confirmados, além de 513 animais ainda em tratamento e 410 sob observação clínica. Em São Paulo, mais de 400 cavalos morreram, com registros concentrados em cidades como Campinas, Sorocaba, Jundiaí, Itu, Jarinu, Indaiatuba e Guarulhos.
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    O cavalo de R$ 12 milhões entre as vítimas Entre os animais mortos está um cavalo de elite avaliado em R$ 12 milhões, considerado uma das maiores promessas da raça Quarto de Milha no Brasil. O animal estava alojado em um centro de treinamento no interior de São Paulo e passou a apresentar sintomas logo após consumir a ração contaminada. A perda foi considerada irreparável, tanto do ponto de vista econômico quanto genético. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});A identidade do animal e de seu criador está sendo preservada a pedido dos advogados, mas o caso acendeu o alerta entre grandes investidores do setor, inclusive criadores de genética voltada à vaquejada, tambor, corrida e salto. O que diz a Nutratta sobre a ração contaminada Em comunicado oficial enviado ao Metrópoles, a Nutratta declarou: “Embora as investigações ainda estejam em curso, informações preliminares indicam a possível presença da substância monocrotalina, produzida por plantas do gênero Crotalaria — uma leguminosa amplamente utilizada em adubação verde —, que pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal utilizadas em diversas cadeias agroindustriais.” A empresa afirmou ainda que lamenta profundamente os relatos de intoxicação e mortes e que tomou medidas emergenciais:
  • Suspensão da comercialização das rações
  • Reforço nos controles laboratoriais
  • Revisão dos critérios de qualificação de fornecedores
  • Reestruturação dos protocolos sanitários e do layout fabril
  • Ração contaminada: O avanço das mortes pelo país Casos foram confirmados em pelo menos nove estados brasileiros, incluindo Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, além de São Paulo. De acordo com criadores e veterinários, os sintomas apresentados pelos cavalos incluem:
  • Perda de apetite
  • Desorientação
  • Comportamentos repetitivos ou agressivos
  • Movimentos descoordenados
  • Prostração severa
  • Autolesão (como bater a cabeça nas paredes)
  • “Estamos vendo nossos animais morrerem sufocados, raspando a cabeça na parede… é desumano”, relatou Marcos Barbosa, proprietário do Haras Dia de Sol, que perdeu nove cavalos desde maio, dois deles em apenas um único dia. Ações do Ministério da Agricultura A crise levou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) a intervir. Em 4 de junho, a pasta suspendeu a comercialização das rações fabricadas a partir de março de 2025. Já em 17 de junho, foi determinado o recolhimento de todos os produtos destinados a equídeos, fabricados a partir de novembro de 2024. No dia 25 de junho, o Mapa confirmou oficialmente a presença de substâncias tóxicas nas rações contaminadas. A investigação aponta que a monocrotalina provoca insuficiência hepática severa, com evolução clínica que pode ocorrer mesmo dias ou semanas após a interrupção da alimentação, dificultando diagnósticos e estimativas de óbitos. Grupo “Vítimas da Nutratta” se organiza para ação judicial Diante da comoção nacional e da quantidade de vítimas, criadores afetados formaram o grupo “Vítimas da Nutratta”, coordenado pela advogada Maria Alessandra Agarussi. Embora a mobilização seja coletiva, as ações judiciais têm sido ajuizadas de forma individual. “Os casos aumentam diariamente. Mortes são observadas em todo o país”, declarou a advogada. Impacto sem precedentes A tragédia revela um vazio regulatório e falhas graves de rastreabilidade nas cadeias de produção animal, especialmente no controle de matérias-primas de origem vegetal. Para especialistas, o episódio deve provocar uma reestruturação profunda no setor de nutrição equina, impactando fabricantes, fornecedores, criadores e os próprios órgãos de fiscalização. A morte de quase 800 cavalos — entre eles animais de alto valor genético e sentimental — já entrou para a história como o mais grave episódio de intoxicação alimentar em equinos no Brasil. 🔗 Este conteúdo é baseado em informações do site Metrópoles e no relatório publicado originalmente por Rebeca Ligabue. A nota oficial da Nutratta foi enviada ao veículo e publicada na íntegra em 22 de julho de 2025.
    Por: Redação

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