• Terça-feira, 22 de julho de 2025

Lula diz que "extrema direita" usa comércio como chantagem

No Chile, presidente não cita Trump, mas fala em uso de algoritmos por "inimigos da democracia" em "guerra cultural".

Sem citar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (republicano), e o tarifaço contra o Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 2ª feira (21.jul.2025) que a “extrema direita” usa o comércio como um instrumento de coação e chantagem.

Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Promovem uma guerra cultural. E instrumentalizam o comércio como instrumento de coerção e chantagem”, declarou no evento “Democracia Sempre”, em Santiago, organizado pelo presidente do Chile, Gabriel Boric.

O presidente afirmou que “a extrema direita organizada internacionalmente oferece um novo consenso de Washington, ou melhor, dissenso de Washington: antidemocrático, negacionista e intervencionista”.

Ainda em seu discurso, Lula falou que as redes não podem funcionar como uma “terra sem lei”, onde “é possível atentar impunemente contra a democracia, incitar o ódio e a violência.”  O presidente quer apressar a regulação das redes sociais, mas o texto ainda não chegou à Casa Civil.

Lula afirmou ainda que “o que é crime na vida real deve ser crime na vida digital” e que “a experiência brasileira mostra que o equilíbrio entre o poder constituído (…) são cruciais” para preservar a democracia.

Embora não tenha mencionado nomes diretamente, as recentes críticas de Lula têm como alvo o presidente dos Estados Unidos.

Trump anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, justificando a medida como resposta a uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) –réu em ação penal que investiga o núcleo central da tentativa de golpe de Estado em 2022.

O governo norte-americano cancelou o visto de entrada nos EUA do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, e de seus aliados, no mesmo dia em que Bolsonaro foi alvo de uma operação da PF (Polícia Federal). Os mandados foram autorizados pelo STF.

A ferramenta utilizada pelo Departamento de Estado dos EUA para suspender o visto do ministro é tradicionalmente aplicada a cidadãos de regimes autocráticos. Seu uso contra autoridades brasileiras, em um país considerado uma democracia, é algo incomum.

Lula também comentou a dificuldade crescente para realizar reuniões entre governos progressistas: “Antigamente a gente fazia reunião de governo de esquerda… está cada vez mais difícil.”

O encontro reuniu ainda os líderes da Espanha, Colômbia e Uruguai, além de representantes da sociedade civil e centros acadêmicos.

O encontro no Chile focou em 3 temas principais: defesa da democracia e do multilateralismo; combate às desigualdades; e regulação das tecnologias digitais para combater a desinformação.

Contudo, reafirmou seu vínculo com a base: “Quando eu deixar a Presidência, não vou para Paris, não vou para Londres, não vou para Nova Iorque. Vou voltar exatamente para a casa onde eu vivia antes de ser presidente da República”, declarou.

Por: Poder360

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