• Sábado, 21 de junho de 2025

Israel ataca 5ª instalação nuclear do Irã e agência alerta para riscos

Ainda não foram detectados vazamentos radioativos

A Força Aérea de Israel atacou importante instalação nuclear do Irã na província de Isfahan na madrugada deste sábado (21). É a quinta unidade nuclear atingida por Israel desde o início do conflito, que entrou no nono dia com cerca de 430 mortos do lado iraniano e 25 do lado israelense, segundo fontes oficiais. Ataques a instalações nucleares são considerados ilegais pelo direito internacional, mas Israel diz que busca eliminar as capacidades nucleares do Irã. Em nota, o diretor-geral Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, disse que não havia material nuclear no local e que, portanto, não haverá consequências radiológicas. A agência é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). “A oficina — que fabricou as máquinas usadas para enriquecer urânio — estava anteriormente sob monitoramento e verificação da AIEA, incluindo câmeras da agência instaladas. Conhecemos bem esta instalação”, comentou Grossi. Apesar de descartar risco de vazamento de material radioativo no último ataque, Rafael Grossi alertou que os sistemáticos ataques a instalações nucleares iranianas causaram “forte degradação da segurança nuclear do país”.

“Embora até agora não tenham causado uhttps://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-06/em-marco-inteligencia-dos-eua-negou-que-ira-construisse-arma-nuclearma liberação radiológica que afete o público, há o perigo de que isso possa ocorrer”, concluiu o diretor da AIEA. Israel já atacou instalações nucleares em Arak, Isfahan, Karaj, Natanz e Teerã.

A Resolução 487 do Conselho das Nações Unidas considera que qualquer ataque militar a instalações nucleares é um ataque a todo regime de salvaguardas da AIEA e ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (Thttps://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-06/em-marco-inteligencia-dos-eua-negou-que-ira-construisse-arma-nuclearNP). A agência diz que ataques a instalações nucleares “nunca devem ocorrer”.

“Intensificamos o ataque à instalação nuclear em Isfahan e no oeste do Irã. Esses ataques cumulativos representam um duro golpe para a capacidade de produção nuclear do regime iraniano”, disse o porta-voz do Exército de Israel, Effie Defrin. 

Bushehr

Uma das principais preocupações da AIEA é a Central Nuclear de Bushehr, que, se for atacada, pode liberar grande quantidade de radioatividade para o ambiente. Além disso, caso as únicas duas linhas de transmissão de energia elétrica dessa central sejam desativadas, o núcleo do reator poderia derreter, o que resultaria em uma alta liberação de radioatividade. “Na pior das hipóteses, ambos os cenários exigiriam ações de proteção, como evacuações e abrigos para a população ou a necessidade de tomar iodo estável, com alcance que poderia abranger distâncias de algumas a centenas de quilômetros”, explicou o diretor-geral da AIEA. 

Natanz

Os ataques ao local de enriquecimento de Urânio em Natanz destruíram a infraestrutura elétrica da instalação. Apesar da radioatividade fora do prédio permanecer normal, há contaminação radiológica e química dentro das instalações.

“A radiação, composta principalmente por partículas alfa, representa um perigo significativo se inalada ou ingerida. Esse risco pode ser gerenciado de forma eficaz com medidas de proteção adequadas, como o uso de dispositivos respiratórios. A principal preocupação dentro da instalação é a toxicidade química”, disse o diretor-geral da AIEA.

Teerã e Arak

As instalações em construção em Arak atingidas nesta semana ainda não estavam em operação e não continham material nuclear. Com isso, nenhuma consequência radiológica é esperada. A AIEA descartou vazamentos radioativos no Centro de Pesquisa de Teerã, também atacado por Israel. “Não houve impacto radiológico, interno ou externo”, afirmou Grossi. O diretor-geral da organização, porém, alertou para os graves riscos caso Israel ataque o Reator de Pesquisa Nuclear de Teerã. “Poderia ter consequências graves, potencialmente para grandes áreas da cidade de Teerã e seus habitantes. Nesse caso, medidas de proteção precisariam ser tomadas.”

Guerra Israel x Irã

Acusando o Irã de estar próximo de desenvolver uma arma nuclear, Israel lançou um ataque surpresa contra o país no último dia 13 de junho expandindo a guerra no Oriente Médio. O Irã afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos e que estava no meio de uma negociação com os Estados Unidos (EUA) para estabelecer acordos que garantissem o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o qual Irã é signatário.  No entanto, a AIEA vinha acusando o Irã de não cumprir com todas suas obrigações, apesar de reconhecer que não tem provas de que o país estaria construindo uma bomba atômica. O Irã acusa a Agência de agir “politicamente motivada” e dirigida pelas potências ocidentais, como EUA, França e Grã-Bretanha, que tem apoiado Israel na guerra contra Teerã.  Em março, o setor de Inteligência dos Estados Unidos afirmou que Irã não estava construindo armas nucleares, informação que agora é questionada pelo próprio presidente dos EUA, Donald Trump, que analise se irá entrar na guerra diretamente ao lado de Israel.  Apesar de Israel não aceitar que o Irã tenha armas nucleares, diversas fontes ao longo da história indicaram que o país mantém um amplo programa nuclear secreto desde a década de 1950. Tal projeto teria desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas.  Relacionadas
Iranian firefighters work at the scene of a destroyed residential building due to Israeli attacks in Tehran, Iran, on June 13, 2025. Reuters/Morteza Nikoubazl/NurPhoto/Proibida reprodução
Irã diz que não haverá negociações nucleares sob fogo israelense
View of the Israeli nuclear facility in the Negev Dest outside Dimona August 6, 2000. Mordechai Vanunu, a former nuclear technical, spillmoed Israel's nuclear secrets to a British newspaper in 1986 and a short while later was abducted to Israel to stand trial. He is currently in the 13th year of an 18-year jail term. Vanunu claimed Israel had built 200 atomic bombs at the Dimona site. Today, August 6, is the 55th anniversary of the atomic bombing of Hiroshima in Japan where some 200,000 people were killed, leading to the end of World War II. Israelis plan a demonstration today calling for a nuclear-free Middle East, the release of Vanunu from jail and the closing of the Dimona facility.
Conheça o programa secreto de Israel que pode ter 90 bombas atômicas
Bandeira com logo da AIEA em Viena
 10/7/2019    REUTERS/Lisi Niesner
Israel atinge dois locais de produção de centrífugas do Irã, diz AIEA
Por: Redação

Artigos Relacionados: