Entidades do setor industrial e do comércio divergiram nesta 4ª feira (30.jul.2025) sobre a decisão do BC (Banco Central), por unanimidade, que manteve a Selic em 15% ao ano. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) avaliou a medida como “insuficiente e equivocada”.
“A política monetária contracionista impõe custos desnecessários à atividade econômica e a um cenário cada vez mais adverso para a indústria, motivos que deveriam levar o Copom a ter iniciado o processo de redução da Selic na reunião desta 4ª feira”, afirmou a confederação.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que o “momento pede uma política monetária mais favorável”. Defendeu “menos juros e mais crescimento”. Eis a íntegra (PDF – 322 kB) da nota.
Também há críticas ao decreto do governo Lula que eleva o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Alban afirmou que a medida aumentará o custo para as indústrias em R$ 4,9 bilhões.
O empresário também mencionou as sobretaxas dos EUA em relação a produtos brasileiros “podem causar queda na produção industrial e a perda de milhares de empregos”.
Alban pediu que o Copom (Comitê de Política Monetária) inicie o corte de juros na próxima reunião, marcada para setembro. “Se isso não acontecer, o quadro econômico tende a piorar, podendo consolidar uma desaceleração ainda mais intensa do que temos observado”, completou.
A Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) afirmou ter “preocupação” com o patamar da Selic e falou em efeitos negativos para a economia.
“Embora não represente um novo aumento, o atual nível da Selic reforça a continuidade de uma política monetária fortemente contracionista, cujos efeitos já vêm sendo sentidos na retração do consumo, no enfraquecimento da atividade econômica e na perda de competitividade do setor produtivo”, disse.
O presidente da federação, Flávio Roscoe, disse que o elevado custo do crédito e a restrição ao investimento produtivo comprometem diretamente a criação de empregos, a renda das famílias e o crescimento sustentável do país. “O Brasil precisa de uma política monetária mais equilibrada, que considere os sinais de desaceleração e atue de forma responsável sem sufocar a economia real”, declarou em nota (íntegra – PDF – 138 kB).
Em comunicado (íntegra – PDF – 31 kB), a autoridade monetária indicou que continuará juro-base continuará neste nível e sem subir por “período bastante prolongado” e que observará se essa medida é suficiente para “assegurar a convergência da inflação à meta”.
Já a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) disse que o Copom acertou ao manter a Selic em 15% ao ano. Em nota (íntegra – PDF – 58 kB), afirmou que a queda do juro-base só se dará com “ajuste fiscal”.
“A FecomercioSP volta sempre a lembrar que o Brasil sofre com a falta de um ajuste fiscal sólido, que ofereça uma estratégia para os gastos públicos que não seja apenas aumentar impostos da população e das empresas, prejudicando ainda mais o desenvolvimento de médio e longo prazos. Se o governo conseguir entregar esse ajuste, de alguma forma, os juros certamente baixariam”, declarou.