As ferramentas de identidade digital e prova de humanidade são base para isso. Essas tecnologias comprovam, por exemplo, que o indivíduo não é um bot mal-intencionado ou alguma criação de IA (inteligência artificial) e também atestam a sua singularidade.
Biometria –como reconhecimento facial e impressão digital–, autenticação em 2 fatores e também captchas (código de teste utilizado atualmente para diferenciar computadores e humanos) são alguns dos sistemas já conhecidos, mas que, em muitos casos, estão sendo ultrapassados pelo rápido desenvolvimento tecnológico.
No artigo McKinsey Technology Trends Outlook, de 2024, a consultoria empresarial descreve a importância das tecnologias de confiança digital em um mundo cada vez mais conectado. “A importância da confiança digital e da segurança cibernética está aumentando à medida que as organizações adotam tecnologias emergentes e maduras em suas empresas (por exemplo, computação de nuvem e de ponta, IA aplicada e desenvolvimento de softwares de última geração). Embora a adoção dessas tecnologias emergentes traga novos benefícios empolgantes, também expõe a problemas de segurança cibernética e outros riscos, aumentando a necessidade de tecnologias de confiança digital”.
Estruturas robustas de segurança e privacidade, além de protegerem ativos das organizações, instituições e indivíduos, constroem uma base de confiança com os usuários. O Identity Fraud Report 2024, da Sumsub, mostra que 66% da população da América Latina e do Caribe, por exemplo, acredita que empresas e governos são responsáveis pela prevenção de fraudes.
A preocupação com a segurança cibernética levou organizações a investirem US$ 200 bilhões no setor em 2024, conforme outro levantamento da consultoria McKinsey, publicado no artigo The cybersecurity providers next opportunity: making AI safer. O valor representou um aumento de 42% em comparação com 2020, quando o aporte foi de US$ 140 bilhões, o que demonstra que esse é um desafio cada vez maior.
Somente no Brasil, foram registradas mais de 11 milhões de tentativas de fraudes de identidade em 2024 –mais de 1.255 casos por hora, de acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude, da Serasa Experian, marca de análise e informações de crédito. O número é 9,4% maior que o do ano anterior.
Segundo a Serasa Experian, as investidas foram evitadas justamente por meio de tecnologias de autenticação.
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Mas o rápido desenvolvimento da tecnologia demanda a criação de novos instrumentos de identidade digital. “A gente vai precisar, com esse novo salto tecnológico, de uma nova infraestrutura on-line para garantir a confiança e a segurança das transações on-line”, disse Rodrigo Tozzi, gerente de operações da Tools for Humanity no Brasil. A companhia apoia a World, protocolo que está criando uma infraestrutura de prova de humanidade global.
Tozzi explica que a IA, por exemplo, tem sido utilizada em escala para ludibriar sistemas, emulando o jeito de proceder humano. “São comportamentos em rede cada vez mais similares aos de um humano e você não vai conseguir distinguir. Hoje a inteligência artificial já consegue resolver captchas. Então, só o captcha já não testa mais a humanidade on-line.”
Nesse contexto, é preciso pensar novos meios para criar mais camadas de segurança, com ferramentas de identidade digital e prova de humanidade, mas sem explorar a privacidade dos usuários. O gerente de operações da Tools for Humanity no Brasil explica que, no caso da rede World, o World ID é uma credencial digital anônima e segura contra vazamento de dados, que garante privacidade no ambiente virtual.
A credencial de identidade anônima utiliza a imagem da íris para criar um código binário único, que funciona como prova de humanidade. A foto do olho é feita com a orb, dispositivo semelhante a uma câmera fotográfica de altíssima resolução.
Já são mais de 11 milhões de seres humanos únicos cadastrados pelo mundo. Atualmente, a rede possui usuários em mais de 160 países.
Além da certificação de humanidade e da singularidade, o cuidado com a privacidade é uma das chaves de um ambiente digital seguro. Em um espaço on-line onde os dados eram armazenados em larga escala por organizações e instituições, um dos trunfos da confiança digital é o avanço dos sistemas da Web3 –nova era da internet. O conceito engloba tecnologias como blockchain, que descentralizam a propriedade e o controle de dados na internet.
Ou seja, dificultam a captura de informações e ampliam a proteção ao utilizar criptografia –o que garante que os dados não sejam alterados ou removidos.
Tozzi detalha como, atualmente, os sistemas baseados na Web2 –fase anterior da internet– deixam os dados expostos. “Para provar humanidade hoje é preciso dar meus dados. Em toda compra on-line as informações pessoais são colocadas na internet. E eu não sei, nos diferentes sites em que eu navego, qual é a segurança e como atestam essa segurança. Então, para a gente provar que é humano tem um paradoxo. Eu preciso dar informações pessoais que consequentemente me tornam mais vulnerável a ataques e a vazamento de dados”, disse.
Como um projeto de Web3, o World ID é um protocolo de identidade descentralizado cujos fragmentos do código binário único, processado a partir da íris, são completamente anonimizados e armazenados em diferentes servidores.
Por meio de uma tecnologia chamada AMPC (Computação Multipartidária Anonimizada, na sigla em inglês), são criados novos códigos secretos que são depositados em servidores descentralizados a cargo de universidades e parceiros, que incluem a Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA); a Universidade Friedrich-Alexander, em Erlangen (Alemanha); a Universidade de Zurique, em Zurique (Suíça); e a empresa de pesquisa de blockchain e engenharia de software Nethermind.
Além disso, a imagem da íris é encriptada de ponta a ponta e deletada do sistema da rede imediatamente. Depois, é enviada ao smartphone da pessoa, que pode guardá-la ou apagá-la.
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Os serviços bancários são os mais visados por esquemas de fraude. Entre 2023 e 2024, houve um crescimento de 162% dos casos em bancos e 156% em fintechs no mundo, segundo o Identity Fraud Report 2024, da Sumsub.
Diante do problema, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), por exemplo, lançaram este ano até uma aliança contra fraude digital para a repressão e para o combate a crimes cibernéticos no sistema bancário.
Tozzi explica que o World ID poderá ser incorporado nas rotinas on-line que utilizam dados bancários, oferecendo uma camada extra de proteção em serviços como aberturas de contas e transações financeiras.
“Se vou fazer uma transação on-line via PayPal ou comprar algo no Mercado Livre, por exemplo, antes de colocar os dados do cartão de crédito, eu posso fazer um login com o World ID e, assim, certificar que é um ser humano que está fazendo a compra”, afirmou Tozzi.
Além disso, o World ID também poderá ser utilizado para distinguir se uma conta de uma rede social é de um bot, ou seja, automatizada, ou se é de um humano. O gerente de operações da Tools for Humanity no Brasil cita ainda aplicativos de relacionamento, como o Tinder, e plataformas de jogos on-line, espaços em que é necessário provar que a conta é pertencente a um humano para garantir a segurança dos usuários.
Outra aplicação é a compra de ingressos on-line. “Hoje, há pessoas que adquirem ingressos em massa, de forma automatizada, e depois revendem por um preço maior. Para evitar isso, em determinado momento desse processo, pode ser exigido que quem está comprando faça seu login com o World ID”, disse ele.
Tozzi reforça que em um mundo cada vez mais digital, cujo ambiente on-line passa por uma grande disseminação de inteligência artificial, ferramentas como o World ID tornam-se fundamentais.
“A rede vai ser cada vez mais automatizada e a gente não vai conseguir distinguir o que é robô e o que não é. Com esse tipo de instrumento, de confiança digital, a experiência on-line será mais protegida e mais saudável, as empresas terão mais agilidade e segurança para operar, e as instituições vão contar com um recurso precioso para gerenciar cadastros e melhorar a eficácia do serviço”, afirmou.
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