• Terça-feira, 15 de abril de 2025

“Glauber cassado será ótimo precedente”, diz Kim Kataguiri

Deputado integra o MBL, mesmo grupo de militante que foi agredido na Câmara e que ensejou processo no Conselho de Ética.

O deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) avalia que a possível cassação do mandato do deputado Glauber Braga (Psol-RJ) pelo plenário da Câmara será um “precedente excelente” para evitar que discussões políticas acabem em brigas físicas no Congresso.

“Acho um precedente excelente. Se um deputado agride uma pessoa dentro do Parlamento, expulsa essa pessoa a pontapés do Parlamento, isso não enseja uma quebra de decoro, uma cassação de mandato?”, disse Kataguiri em entrevista ao Poder360.

Assista à íntegra da entrevista gravada no estúdio do Poder360 em 10 de abril (59m27seg): 

O Conselho de Ética da Câmara aprovou em 9 de abril o pedido de cassação do mandato de Glauber, por 13 votos a favor e 5 contrários, pela acusação de ter agredido em abril de 2024 o youtuber Gabriel Costanaro, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre). O processo segue para o plenário da Casa, mas depende de ser pautado pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB). Precisa de 257 votos favoráveis para ser aprovado.

Glauber disse à época que havia sido provocado e, por isso, se sentiu intimidado pelo ativista do MBL. Gabriel, por sua vez, afirmou que foi abordado pelo deputado enquanto almoçava e, então, expulso aos pontapés da Câmara.

Na entrevista, Kataguiri disse que Costanaro estava parado e de costas para o deputado. “Glauber Braga chega, se aproxima, começa a insultar e a expulsar do Congresso Nacional e os assessores e deputados tentam segurar o deputado Glauber. Depois, quando eu desci para o Depol [Departamento de Polícia Legislativa] para saber o que estava acontecendo, o deputado Glauber fica nervoso ao me ver, parte para cima de mim, tenta me agredir e me chama de nazista”, disse.

Depois do episódio, o Novo enviou à Mesa da Câmara o pedido de cassação do mandato do deputado carioca. Arthur Lira (PP-AL), que era o presidente da Câmara na época, acatou a solicitação e encaminhou ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

Desde que o processo começou no colegiado, Glauber declarou repetidas vezes que o parecer a favor de sua cassação, do relator Paulo Magalhães (PSD-BA), é fruto de negociação com Lira. O deputado o acusa de perseguição.

Glauber e o Psol foram responsáveis por iniciar a ação judicial que fez o STF (Supremo Tribunal Federal) travar a destinação de emendas em 2024. Na ocasiã o congressista disse que Lira “sequestra” o Orçamento com a execução de emendas de congressistas.

Para Kataguiri, Glauber poderia ter se desculpado pela agressão. “Ele teve todas as oportunidades do mundo de se desculpar, de voltar atrás, de se retratar. E em nenhum momento fez isso, pelo contrário, insinuou que tem uma grande armação, que o Conselho de Ética foi comprado pelo Arthur Lira para encomendar a cassação dele”, disse.

O deputado disse ser a favor da cassação para episódios de violência física como forma de exemplo para outros congressistas. “Se for para discutir dessa maneira, então vamos aceitar que a gente tem que abolir a política. A política deu errado, a gente vai montar um octógono no meio do plenário Ulysses Guimarães e passar a resolver dessa maneira. E assim eu me aposento da vida política porque eu não tenho porte físico para participar desse tipo de disputa”, disse.  

Desde que a cassação foi aprovada pelo Conselho de Ética, Glauber Braga iniciou uma greve de fome, que já dura mais de 3 dias. O deputado é acompanhado por médicos e tem tomado água, isotônicos e soro.

Por: Poder360

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