A Flipei (Festa Literária Pirata das Editoras Independentes) começa nesta 4ª feira (6.ago.2025) em 4 espaços culturais de São Paulo, nos bairros Campos Elíseos e Bela Vista, na região central. Os locais foram definidos de última hora. Isso porque, a 5 dias da abertura do evento, a Fundação Theatro Municipal cancelou a autorização para uso da praça das Artes, onde a feira seria realizada originalmente.
Os organizadores da festa literária dizem ter sido “censurados”. Em nota publicada nas redes sociais, afirmaram o seguinte: “Estamos movendo medidas judiciais e políticas para responsabilizar a FTM [Fundação Theatro Municipal], sua direção, a Secretaria de Cultura e a Prefeitura de São Paulo por esse ato autoritário absurdo”.
Os novos locais da feira são:
A Fundação Theatro Municipal é um órgão de direito público vinculado à Secretaria Municipal de Cultura, sob o comando da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). É administrado pela organização social Sustenidos. A praça das Artes é um espaço sob responsabilidade da fundação.
A Flipei surgiu em 2019 como alternativa à Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), realizada anualmente na cidade de Paraty, no Estado do Rio de Janeiro. Em 2024, a feira alternativa realizou sua 1ª edição na capital paulista. A edição de 2025, portanto, é a 2ª a ser realizada na cidade.
A Flipei tem mesas como “Mark Fisher: combatendo o realismo capitalista”, com Rodrigo Lima, Milly Lacombe, Victor Marques, “Sugados pelo algoritmo: a luta de classes na era digital” Tiago Santineli, Laura Sabino, Duda Bolche, Jones Manoel, e “O retorno d’O Capital: porque o livro de Marx continua relevante até hoje”, com Vladimir Safatle, Leda Paulani e Jean Tible. Eis a programação completa.
Organizadores da feira afirmam na nota divulgada nas redes sociais que a defesa da causa palestina na guerra de Israel na Faixa de Gaza pesou na decisão da fundação de cancelar o contrato que cedia a praça das Artes para a realização da edição de 2025.
“No lugar de um festival para promover a literatura independente, de grande valia, a feira tinha em sua programação conteúdo exclusivamente de apelo ideológico, com indisfarçável viés eleitoral. Por este motivo, a fundação suspendeu o evento por entender que seus organizadores usariam uma estrutura pública para interesses políticos e eleitorais”, afirmou Fundação Theatro Municipal em nota enviada ao site g1.
A Procuradoria Geral do Município afirmou que o termo de parceria para a realização da Flipei foi firmado diretamente com a Sustenidos, sem encargos para a fundação. “A Prefeitura de São Paulo não participou da celebração deste contrato e, portanto, não possui obrigação legal de arcar com eventual ressarcimento de valores decorrente do cancelamento do evento”, informou.
A Sustenidos afirmou ao Poder360 que não iria se pronunciar sobre o episódio. A Fundação Theatro Municipal não respondeu a pedidos de entrevista feitos por este jornal digital.