• Sábado, 31 de maio de 2025

Família Dubrule retira oferta para fechar capital da Mobly

Com a decisão dos Dubrule, na prática, a disputa pelo controle da loja on-line de móveis e decoração pode ter chegado ao fim. Entenda o caso

A família Dubrule, fundadora da , decidiu retirar a oferta pública para aquisição (OPA) da antiga (atual Grupo Toky). A informação foi divulgada pela companhia na noite dessa segunda-feira (12/5). Com a decisão, na prática, a disputa pelo controle da loja on-line de móveis e decoração pode ter chegado ao fim. “Tendo em vista o valor exorbitante que os ofertantes (a família Dubrule) teriam de pagar aos acionistas […], foi tomada a decisão de revogar a oferta”, afirmou a família Dubrule em carta endereçada à Toky. “Os ofertantes ressaltam que, embora as medidas temerárias adotadas pelos administradores da Mobly visando a assegurar a frustração da oferta tenham atingido os fins por eles pretendidos, esse comportamento reforçou para os ofertantes a necessidade de buscarem alternativas para assegurar (i) a viabilização da continuidade operacional da companhia, e (ii) a substituição imediata da atual administração da companhia, sob pena de a Mobly caminhar para situação de irremediável insolvência — pelo que poderão responder pessoalmente, perante acionistas e credores, os administradores que conduziram campanha inescrupulosa contra a oferta”, diz o documento. Cade havia aprovado oferta A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica () aprovou, no fim de abril, sem restrições, a oferta de aquisição da Mobly pela família Dubrule. A operação foi proposta por meio de uma oferta pública de aquisição (OPA) com possibilidade de aquisição de até 100% do capital social da companhia. O preço por ação foi de R$ 0,68. De acordo com o parecer do Cade, não havia impactos relevantes sob o ponto de vista concorrencial porque as relações entre as empresas envolvidas no negócio já haviam sido analisadas anteriormente. O entendimento do Cade foi o de que a transação não induziria novas relações horizontais ou verticais entre as partes. Eventuais sobreposições, segundo o órgão, já haviam sido analisadas no processo anterior de fusão entre Mobly e Tok&Stok, concluído em 2024. Ainda de acordo com o Cade, a operação foi notificada de forma unilateral pelos compradores – o que é aceito pelo órgão, desde que os documentos apresentados permitam uma análise adequada. O conselho considerou as informações prestadas suficientes. Mobly pediu cancelamento do negócio Em abril, e apresentou um pedido à Comissão de Valores Mobiliários () para o cancelamento da oferta de compra de 100% das ações da empresa. Em comunicado ao mercado, a Mobly afirmou que tomaria “as medidas cabíveis nas esferas administrativa, cível e criminal” contra os Dubrule. De acordo com a companhia, haveria “indícios de atuação coordenada e não divulgada ao mercado”, por parte dos fundadores da Tok&Stok, para adquirir os 44,3% de participação da companhia pertencentes à alemã Home24 “em condições diversas àquelas divulgadas pelos ofertante no edital da OPA”. Ainda segundo o comunicado, a Mobly levou a cabo uma apuração interna que teria chegado a indícios de uma suposta combinação secreta entre a família Dubrule e “representantes seniores do Grupo XXXLutz, controlador da Home24, e Home24”. “Em reunião realizada nesta data (22 de abril), após apresentação das evidências coletadas até o momento, e após consultados os assessores legais e financeiro, o Conselho de Administração autorizou a administração da companhia a tomar as medidas cabíveis nas esferas administrativa, cível e criminal para proteção dos interesses sociais, mediante notificação às autoridades competentes”, afirma a Mobly. Além de pedir o cancelamento da OPA, a Mobly pretende cobrar da CVM a “apuração de responsabilidades dos envolvidos”. Entenda o imbróglio Os termos da proposta da família fundadora da Tok&Stok foram apresentados por meio de uma carta encaminhada no fim de fevereiro. O documento foi assinado por Régis Edouard Alain Dubrule, Ghislaine Thérèse de Vaulx Dubrule e Paul Jean Marie Dubrule. A intenção da família Dubrule seria obter o controle da empresa e até 100% do capital. A Mobly rejeitou a oferta . Em março, a família Dubrule diminuiu o número mínimo de ações envolvidas na proposta de oferta de aquisição enviada à Mobly. De acordo com o documento, o número mínimo de ações envolvidas no possível negócio foi reduzido de 84 milhões para 61,38 milhões. O material também mencionou “significativos desafios” levados em consideração para calcular o preço da oferta, de R$ 0,68 por ação, em meio a uma dívida de mais de R$ 600 milhões e ao fato de a Mobly não gerar lucro desde 2021. Ainda segundo a família fundadora da Tok&Stok, as ações da Mobly “são dotadas de baixa liquidez, de forma que o seu preço de tela não permite uma acurada determinação do seu valor de mercado”. No último dia 15 de abril, os Dubrule voltaram novamente à carga e refizeram a oferta de aquisição para 100% das ações, mantendo o preço de R$ 0,68 por ação. O que disse a família Dubrule Por meio de nota, no fim do mês passado, a família Dubrule negou todas as acusações, refutou qualquer ilegalidade no processo e acusou os administradores da Mobly de tentarem “fugir” de “suas obrigações”. “A família Dubrule lamenta a campanha infundada, desesperada e sem quaisquer limites éticos movida pela administração da Toky”, diz o texto. “Os administradores demonstram mais uma vez estar claramente tentando fugir a suas obrigações fiduciárias junto à companhia de submeter ao conjunto dos acionistas uma proposta apresentada em acordo com todas as leis e regulamentos aplicáveis, e que dá liquidez a acionistas hoje sem horizonte para vender suas participações e sem motivos para ter esperança no futuro da empresa”, afirmam os fundadores da Tok&Stok.
Por: Metrópoles

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