A narrativa da exaustão já se tornou familiar, com o sindicato de jogadores FIFPro Europa entrando com uma ação legal contra a Fifa por causa do calendário punitivo. Há também o calor escaldante do verão norte-americano. Mas os sul-americanos, no entanto, rejeitam totalmente essas explicações."Sabíamos de antemão que o torneio seria no final de uma longa temporada, enquanto que para os sul-americanos é bem no meio, quando eles estão no auge", lamentou Diego Simeone, técnico do Atlético de Madri, após a eliminação precoce de sua equipe.
As estatísticas complicam ainda mais o argumento do esgotamento europeu. Entre os clubes participantes da Copa do Mundo de Clubes, os quatro times brasileiros -- Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras -- lideram a lista de partidas disputadas no último ano, cada um ultrapassando 70 jogos. O Botafogo, que se classificou no Grupo B junto com o Paris Saint-Germain, à custa do Atlético de Madri, jogou 18 partidas a mais do que seus adversários espanhóis no mesmo período. Embora os times brasileiros tenham tido um mês de descanso antes do início da temporada nacional, seus calendários lotados há muito tempo são motivo de reclamação na América do Sul. O ex-jogador brasileiro Zico criticou a atitude das equipes europeias:"Joguei por muitos anos na Europa e não acredito nessa narrativa de cansaço de fim de temporada", disse o técnico do Flamengo, Filipe Luís, depois de uma vitória imponente do time brasileiro por 3 a 1 sobre o Chelsea. "Chegamos aqui encarando cada jogo como uma final. Isso faz uma grande diferença", acrescentou Filipe Luís, que jogou sob o comando de Simeone no Atlético.
Nem todos os técnicos europeus culparam fatores externos pelas dificuldades de suas equipes. O técnico da Juventus, Igor Tudor, disse que não viu "nenhum sinal de cansaço" em sua equipe, enquanto o técnico do PSG, Luis Enrique, apesar da surpreendente derrota por 1 a 0 para o Botafogo, elogiou o torneio."Tem existido uma supervalorização do futebol europeu, mas é preciso dar um basta nisso. Eles não são donos, eles começam a arrumar muitas desculpas quando a coisa não vai legal", afirmou. "Quando tem alguma coisa de diferente, o calor, o fim de temporada, isso tudo nós fazíamos (quando o Mundial de Clubes em seu formato anterior era disputado em dezembro) e ninguém ficou enchendo o saco, reclamando disso ou dando desculpa quando perde", acrescentou.
* É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas"Acho que o conceito é brilhante. É uma celebração do futebol", disse Luis Enrique. "Não é nenhuma surpresa para mim. É bom ver equipes de diferentes partes do mundo."


