O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, instruiu diplomatas norte-americanos a não comentarem eleições realizadas por países estrangeiros, a menos que haja um “interesse claro e convincente” de política externa. Nesse caso, caberá ao Departamento de Estado redigir o texto. Os diplomatas só poderão se encarregar das mensagens caso haja aprovação explícita da alta liderança do órgão.
A orientação foi enviada a todas as representações diplomáticas dos Estados Unidos pelo Departamento de Estado na 5ª feira (17.jul.2025). As informações são da agência Reuters, que teve acesso à mensagem.
“Quando for apropriado comentar sobre uma eleição estrangeira, nossa mensagem deve ser breve, focada em dar parabéns ao candidato vencedor e, quando apropriado, destacar interesses comuns de política externa”, diz o texto enviado às representações diplomáticas norte-americanas.
Quando as mensagens sobre eleições forem feitas, “devem evitar opinar sobre a justiça ou integridade do processo eleitoral, sua legitimidade ou os valores democráticos do país em questão”.
A orientação segue determinação de Rubio enviada em um comunicado aos funcionários do Departamento de Estado. Nele, o secretário havia pedido o fim de comentários sobre a imparcialidade, “justiça ou integridade” de eleições estrangeiras.
A exigência de Rubio é uma mudança significativa na política externa dos EUA quanto a eleições fora do país. Nos últimos anos, o Departamento de Estado se manifestou contra votações em que considerou haver “fraudes”. O caso mais recente foi na Venezuela, em 2024, onde os EUA declararam que a reeleição de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) foi fraudada.
A determinação atende a setores do Partido Republicano que defendem menor intervenção dos EUA em outros países.
A ideia de “America first”, do presidente norte-americano, Donald Trump, se insere nessa lógica. Em discurso na Arábia Saudita em maio, ele prometeu que os EUA não entrariam mais nos assuntos de outros países e em como eles devem governar.