As alegações foram feitas inicialmente pela Coreia do Sul na semana passada. Segundo Seul, cerca de 3.000 soldados foram enviados para apoiar a guerra do Kremlin na Ucrânia, com mais reforços a caminho.
Em Roma devido a uma reunião ministerial do G7, grupo que reúne algumas das sete maiores economias do mundo, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que Washington ainda está tentando determinar qual será o papel dos norte-coreanos no conflito e se eles pretendem lutar ao lado de Moscou.
Mas, se for este o caso, "isso é uma questão muito, muito séria e terá impactos não apenas na Europa, como também no Indo-Pacífico", prosseguiu o americano.
Questionado por repórteres sobre o que Pyongyang receberá em troca dos russos pelo envio das tropas, Austin respondeu que os EUA ainda tentam determinar isso também.
"Se essas tropas forem destinadas a lutar na Ucrânia, isso representará uma escalada significativa no apoio da Coreia do Norte à guerra ilegal da Rússia e mais um indício das perdas significativas russas na linha de frente", fez coro Farah Dakhlallah, porta-voz da Otan.
Em Seul, parlamentares da Coreia do Sul afirmaram também nesta quarta que a ditadura de Kim Jong-un prometeu fornecer cerca de 10 mil soldados à Rússia. O número atual, de 3.000, é o dobro da estimativa divulgada na sexta-feira passada (18).
"Sinais de tropas sendo treinadas dentro da Coreia do Norte foram detectados em setembro e outubro", disse Park Sun-won, membro de um comitê parlamentar de inteligência. "Ao que tudo indica, as tropas agora foram dispersas em várias instalações de treinamento na Rússia e estão se adaptando ao ambiente local."
Outro integrante do Congresso sul-coreano, Lee Seong-kweun, disse que Pyongyang tenta suprimir a divulgação de informações sobre a mobilização, realocando e isolando famílias de soldados para controlar os boatos.
Além disso, a Rússia recrutou muitos intérpretes para treinar soldados norte-coreanos no uso de equipamentos militares como drones, ele afirmou. "Os instrutores russos estão avaliando que o Exército norte-coreano tem excelentes atributos físicos e morais, mas falta compreensão da guerra moderna, como ataques de drones. Portanto, pode haver muitas baixas se forem implantados nas linhas de frente."
Com o aumento da tensão na região, autoridades sul-coreanas disseram na terça que não descartam a possibilidade de enviar armas a Kiev. Na mesma data, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pediu a seus aliados que respondessem às evidências do envolvimento norte-coreano nos enfrentamentos.
A Rússia e a Coreia do Norte chamaram de falsas as alegações de Seul sobre as transferências de soldados e de armas entre os dois países. Eles assinaram um tratado de defesa mútua em junho.
A situação fez a Alemanha convocar um representante de Pyongyang em Berlim -o envio de tropas para Moscou fere o direito internacional.
A Guerra da Ucrânia começou quando a Rússia invadiu o país vizinho ao seu, em fevereiro de 2022. Em condição de anonimato, autoridades dos EUA dizem que o Exército russo registrou mais de 600 mil baixas no conflito, entre mortos e feridos. O Kremlin não divulga esses números.