A tragédia já é um dos maiores desastres naturais da Espanha e supera o número de mortos registrados no sul do Brasil, entre abril e maio deste ano. As inundações em Porto Alegre e outras cidades do Rio Grande do Sul mataram 183, segundo dados da Defesa Civil.
O governo espanhol mobilizou mais 500 militares nas tarefas de resgate na região de Valência, a comunidade mais afetada. Somam-se aos 1.200 integrantes das Forças Armadas já enviados na quarta-feira (30), quando o país acordou abalado pela tragédia que só crescia desde a noite anterior. A ministra da Defesa, Margarita Robles, afirmou que mandará o efetivo que for necessário.
Há relatos de saques e prisões. Ao jornal El País, um saqueador afirmou que era um ato de sobrevivência. Cortes de energia afetam diversas localidades, e bombeiros procuram gasolina em tanques de carros abandonados para abastecer geradores.
Milhares de pessoas aproveitaram o feriado de Todos os Santos para levar mantimentos aos afetados. Enormes filas de pessoas a pé carregando alimentos, vassouras e todo tipo de equipamento eram vistas por estradas e avenidas. Carlos Mazón, presidente da comunidade de Valência, que agrega a terceira maior cidade da Espanha e diversos outros municípios, fez um apelo para que os voluntários voltassem ou mantivessem as vias abertas para os veículos de socorro.
Ainda chove em partes do leste e do sul da Espanha, e algumas regiões do país seguem sob alerta de chuva forte, notadamente as Ilhas Baleares (Maiorca, Minorca, Ibiza e Formenteira), conhecido ponto turístico.
A crise climática, provocada pelo aquecimento global e a queima de combustíveis fósseis, é apontada como agente causador da maior violência, frequência e impacto desses eventos. Estudos de atribuição já estão em curso para confirmar as análises preliminares de especialistas.