O coordenador-geral de análise de conjuntura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Pedro de Souza Mesquita, afirmou que o CV (Comando Vermelho) está envolvido em todos os confrontos entre facções criminosas no país. A declaração foi feita na 4ª feira (5.nov.2025) durante a Comissão de Controle das atividades de Inteligência, no Senado Federal.
“A gente tem confronto de grupos organizados no Brasil e todos eles envolvem o Comando Vermelho. Não há confronto de organizações criminosas hoje que não envolva o CV”, disse Mesquita.
A Abin afirma que o processo de expansão do Comando Vermelho teve início em 2013 e se consolidou em 2024, tornando-se um dos principais desafios à segurança nacional. O diretor de inteligência interna da agência, Esaú Feitosa, disse que a ameaça vai além do campo policial.
“O crime organizado deixou há muito tempo de ser um problema somente policial. A compreensão de como essa ameaça intervém na estabilidade do Estado perpassa quaisquer tipos de abordagens policiais”, afirmou.
De acordo com os relatórios apresentados, o CV ofereceu a facções locais redes de logística para compra de drogas e armas, expandindo sua influência em estados que resistiam à presença do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Mesquita disse, no entanto, que o PCC tem deslocado parte de sua atuação para o exterior, o que abriu espaço para a ascensão do TCP (Terceiro Comando Puro) —outra facção de origem carioca.
“O TCP vem replicando muito o método do próprio CV e ocupando os lugares em que o PCC era predominante e hoje já não é mais, porque o PCC hoje olha para fora”, declarou o coordenador.
O Terceiro Comando Puro atua em 10 Estados:
O Comando Vermelho, facção criminosa com mais de 40 anos de atuação, surgiu na década de 1970 dentro do presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Na época, presos comuns e políticos dividiam as mesmas celas, e o grupo, inicialmente chamado Falange Vermelha, afirmava combater a tortura nas cadeias antes de adotar o nome atual.
Nos anos 1980, os recursos obtidos em assaltos a banco passaram a ser direcionados ao tráfico de drogas. Com a Colômbia consolidando-se como grande produtora de cocaína, o Rio de Janeiro tornou-se um ponto estratégico nas novas rotas do narcotráfico.
Esse contexto permitiu que o Comando Vermelho se fortalecesse e ampliasse seu controle sobre territórios, muitas vezes com a conivência de agentes públicos.





