A cúpula do PL avalia que Michelle Bolsonaro precisa alinhar sua comunicação com as decisões do diretório nacional da sigla. Segundo apurou o Poder360, integrantes da direção têm conversado com a ex-primeira-dama desde domingo (30.nov) para explicar que discursos como o que ela fez no Ceará passam a impressão de desarticulação interna e prejudicam sua própria imagem.
Michelle, que lidera o PL Mulher, a iniciativa feminina do partido, é tida internamente como uma possível candidata à presidência. Ela também é cotada para ser vice em uma chapa da sigla ou candidata ao Senado pelo Distrito Federal.
Nesse contexto, o PL marcou para 3ª feira (2.dez.2025) uma reunião emergencial em Brasília, às 15h, para tratar da crise interna provocada pelas declarações da ex-primeirda-dama. Devem participar o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto (SP), a própria ex-primeira-dama, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (RN).
A tensão se instalou no partido depois de Michelle criticar publicamente, no domingo (30.nov), a aproximação do PL com Ciro Gomes (PSDB) durante o lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao governo do Ceará. Embora tenha declarado apoio a Girão, ela classificou como “precipitado” o movimento pró-Ciro. “Tenho orgulho de vocês. Mas fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá”, disse.
As críticas desencadearam reações imediatas. O deputado André Fernandes afirmou que a ex-primeira-dama ignorou que o próprio Jair Bolsonaro (PL) havia autorizado a articulação. Segundo ele, o ex-presidente pediu, em 29 de maio, que fosse ligado para Ciro no viva-voz, quando se acertou o apoio do PL ao ex-ministro.
Flávio Bolsonaro também reagiu. À coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, afirmou que Michelle “atropelou” o pai ao censurar um movimento que havia sido autorizado por ele. Disse ainda que a forma como ela se dirigiu a André Fernandes -que considerou “talvez nossa maior liderança local”– foi “autoritária e constrangedora”.
A posição de Flávio foi endossada pelos irmãos. O deputado Eduardo Bolsonaro disse que o irmão “está correto” e que Fernandes não poderia ser criticado por seguir uma orientação do ex-presidente. Já o vereador Carlos Bolsonaro afirmou que é preciso “estar unidos e respeitando a liderança” de Jair Bolsonaro, sem ceder a “outras forças”.
A reunião de 3ª feira (2.dez) deve definir o posicionamento oficial do PL sobre a aliança no Ceará e disciplinar manifestações públicas de integrantes do partido sobre decisões já tomadas. Ciro Gomes é cotado como candidato ao governo estadual em 2026 e visto por aliados como o único nome que pode derrotar o PT no Estado.
Questionado pelo Poder360 sobre o encontro, o líder do PL no Senado, Rogério Marinho, foi lacônico: “Vamos conversar”, afirmou.





