O Conrerp6 (Conselho Regional de Relações Públicas da 6ª Região) mandou intimação por e-mail em outubro de 2025 a lobistas que trabalham em Brasília.
O órgão profissional citou suspeita de “exercício ilegal da profissão”. O e-mail incluiu, em alguns casos, anexo com a página do Linkedin do destinatário em que ele menciona trabalhar em relações institucionais e governamentais. São termos que se referem à atividade de lobby.
O conselho chamou 150 lobistas por meio da intimação para uma reunião on-line em 20 de outubro. Chamou mais 150 no dia seguinte. As reuniões ampliadas foram divididas em reuniões menores com mediadores.
Os representantes do conselho cobraram o pagamento de taxa com possibilidade de negociação de desconto. Segundo o site do conselho, a taxa anual é de R$ 490.
As reuniões on-line foram tensas. O Poder360 teve acesso à gravação da reunião de 21 de outubro. Gabriel do Prado Souza Aranha, advogado do Conrerp6, desligou o microfone dos lobistas que participaram da conversa. “Não é batendo boca que vai resolver. […] Ter que tirar o áudio é, no mínimo, risível”, disse.
Ele também afirmou que o Conrerp6 poderia ter sido ainda mais incisivo na intimação. “O conselho poderia muito bem mandar termo de advertência”, disse.
Souza Aranha tem registro em suas seccionais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil): a de São Paulo e a do Distrito Federal.
O Poder360 ligou para o telefone o escritório em São Paulo do advogado no Conrerp6 . Ninguém atendeu. Também mandou mensagem ao conselho para com pedido para que ele desse entrevista. Não houve resposta. O espaço permanece aberto para manifestação.
Jean Castro, presidente da Abrig (Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais) disse que o lobby não se enquadra como atividade de Relações Públicas. “Há profissionais de diversas áreas, incluindo advogados”, afirmou. Ele é formado em contabilidade.
Castro procurou a presidente do Conferp (Conselho Federal de Relações Públicas), Ana Lucia Novelli. Relatou que o Conrerp6 havia abordado profissionais de lobby.
Novelli disse ao Poder360 que profissionais formados em RP (Relações Públicas) que trabalham como lobistas devem ter registro nos conselhos regionais.
A presidente do Consesp afirmou que a regional de Brasília lhe pretendia cobrar taxa somente de lobistas com graduação em RP. “Houve uma abordagem acho que um pouco incisiva, da parte do jurídico aqui do Conselho de Brasília”, afirmou.
Ela afirmou que o Consesp atuou em uma situação inversa há cerca de 30 anos: tentou-se determinar que a atividade de assessoria de imprensa seria exclusiva de jornalistas. Mas os que têm graduação em RP mantiveram a possibilidade de exercê-la.
André Aureliano, do Conrerp6, disse por meio de nota que vai “apurar eventuais excessos” no órgão. Leia a íntegra (PDF – 2,5 MB). Aureliano foi procurado pelo Poder360 para dar entrevista. Não houve resposta. O espaço permanece disponível para manifestação.
                    




