• Terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Chapa “USP pelas Pessoas” vence e lidera a lista tríplice

Chapa recebeu 1.270 votos; lista segue agora para decisão do governador Tarcísio de Freitas.

A chapa “USP pelas Pessoas”, que tem como candidato a reitor Aluisio Segurado, da Faculdade de Medicina, confirmou o favoritismo, venceu a votação da assembleia universitária nesta 5ª feira (27.nov.2025) e vai encabeçar a lista tríplice a ser enviada para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A votação terminou com 1.270 votos para a chapa “USP pelas Pessoas”, 713 votos para a chapa “Nossa USP” e 340 votos para a chapa “USP Novo Tempo”. Houve ainda 3.590 votos em branco e 70 nulos. Ao todo, 2.041 eleitores participaram do processo, de um universo de 2.233 habilitados.

Foi a última etapa do processo de escolha do novo comando da USP (Universidade de São Paulo) antes da decisão de Tarcísio, que é simpático ao nome de Segurado. O governador, porém, tem a prerrogativa de escolher outro nome da lista, que tem em 2º lugar a chapa “Nossa USP”, de Ana Lúcia Duarte Lanna, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, e em 3º lugar a chapa “USP Novo Tempo”, de Marcílio Alves, da Escola Politécnica.

A assembleia é composta por cerca de 2.000 eleitores, entre professores, servidores e alunos. Em 18 de novembro, a USP já tinha realizado uma votação mais ampla com a comunidade universitária, de caráter apenas consultivo. E o resultado foi o mesmo: Segurado acabou na frente, seguido por Lanna e por Alves. Após a escolha de Tarcísio, o novo comando da universidade toma posse em 25 de janeiro de 2026 para um mandato de 4 anos.

A eleição de 2025 teve apenas essas 3 chapas. Todas elas participaram de alguma maneira da gestão atual, sob comando do reitor Carlos Gilberto Carlotti Jr. (Faculdade de Medicina). Ou seja, não há uma oposição de fato. 

O atual reitor não faz campanha aberta para nenhuma das 3 chapas. O Poder360 apurou, porém, que, assim como Tarcísio, Carlotti Jr. tem preferência por Segurado. Há precedente, porém, de escolha de um nome que não encabeçava a lista tríplice. Em 2009, o então governador José Serra (PSDB) optou pelo João Grandino Rodas, da Faculdade de Direito, que havia ficado em 2º lugar na votação da assembleia universitária. 

No processo que antecedeu a eleição desta 5ª feira (27.nov), as chapas “Nossa USP”, de Lanna, e “USP Novo Tempo”, de Alves, chegaram a pedir votos conjuntamente, a fim de reverter a desvantagem. Como os eleitores da assembleia universitária podem votar em mais de uma chapa, seria uma forma de tentar ficar à frente da “USP pelas Pessoas”, de Segurado. A estratégia, porém, não foi capaz de superar da chapa favorita.

Fundada em 1934, a USP tem mais de 90.000 alunos na graduação e na pós-graduação. São 5.300 professores. Trata-se da universidade brasileira mais bem colocada em rankings internacionais. É responsável por 22% da produção científica nacional.

Conforme mostrou o Poder360 em reportagem publicada em 1º de novembro, as 3 chapas têm como prioridade garantir repasses do governo estadual que em 2025 estão orçados em R$ 8 bilhões. O tema emergiu com a reforma tributária do consumo. A proposta aprovada no Congresso em 2023 estabeleceu a substituição gradual do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) até 2033.

A USP tem receitas próprias, como aquelas vindas de cursos de extensão pagos, mas é majoritariamente financiada pelo repasse de 5,02% da arrecadação de ICMS, imposto estadual que vai mudar com a reforma tributária. A destinação está em um decreto estadual de 1989, sobre a autonomia universitária. O mesmo modelo, único no Brasil, financia também a Unesp (Universidade Estadual Paulista), que recebe 2,34%, e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que recebe 2,19%.

Tarcísio promete manter os valores anuais bilionários, mas os candidatos ao comando da instituição de ensino mais bem conceituada do Brasil disseram a este jornal digital que há um risco real de perda de financiamento, especialmente por causa da onda antiacadêmica que ganhou tração em setores da sociedade e da política. 

Eis como é composto o orçamento da USP em 2025:

Com a alteração gradual do ICMS para o IBS, a dinâmica da arrecadação do imposto vai mudar nos próximos anos. Tanto os candidatos à reitoria da USP quanto o governo Tarcísio e os deputados estaduais não sabem qual é o percentual necessário para que os repasses que hoje são de R$ 8 bilhões sejam mantidos no mesmo patamar no futuro. É nesse processo de redefinição que está a chave do debate quanto ao financiamento das universidades paulistas.

Leia mais sobre a eleição para reitoria na USP:

Por: Poder360

Artigos Relacionados: