Os dados são do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo e foram publicados primeiramente pelo jornal O Globo.
A diferença entre Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) na totalização das urnas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foi de cerca de 25 mil votos. Se todos os votos 13 tivessem ido para Boulos, o deputado federal teria terminado o primeiro turno na primeira colocação, com 1.824.258 de votos.
Caso Nunes recebesse os votos de quem digitou o 22, chegaria a 1.820.038 votos. Ainda assim ficaria, portanto, abaixo de Boulos.
Nem o PT, nem o PL lançaram candidato próprio na disputa. Eles apoiam, respectivamente, Boulos, que concorre com o número 50, e Nunes, cujo número é o 15.
O número 13 é fortemente associado ao PT no contexto eleitoral, e essa foi a primeira eleição paulistana desde a redemocratização em que o partido não concorreu com um candidato próprio, o que poderia explicar a confusão entre alguns eleitores.
O 22 do PL também grudou na cabeça de muitos votantes após a campanha eleitoral à Presidência em 2022, porque foi o número da campanha à reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. Como o PT e o PL protagonizaram o último pleito nacional e estiveram de fora do municipal em São Paulo, o apoio dos padrinhos Lula e Bolsonaro pode ter gerado enganos.
Outro número associado a Bolsonaro também foi digitado nas urnas no último domingo: o 17, que era usado pelo PSL, partido pelo qual Bolsonaro concorreu -e venceu– à Presidência pela primeira vez, em 2018. Foi digitado 756 vezes.
A especialista em semiótica Deniza Gurgel apontou, em análise sobre os logos dos candidatos, que Boulos dava destaque ao número 50 em sua identidade visual justamente para lembrar ao eleitor que o número do candidato apoiado pelo PT na disputa era outro.
"Ele está fazendo uma grande associação à figuras do PT, mas ele não é do PT e o número do PT está muito associado no imaginário coletivo, então muitas pessoas podem acabar anulando sem querer, por isso o reforço do número bem grande na logo", afirmou, em setembro.