O BC (Banco Central) anunciou nesta 3ª feira (4.nov.2025) que vai exigir informações mais detalhadas de bancos e outras instituições financeiras sobre pautas ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês). O tema será debatido em consulta pública que estabelece novos requerimentos para o Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 86 kB) e do edital (PDF – 238 kB).
O chefe do Departamento de Regulação Prudencial e Cambial do BC, Ricardo Moura, a chefe-adjunta, Kathleen Krause, e a assessora do departamento, Inês Cavalcanti concederam entrevista a jornalistas nesta 3ª feira (4.nov.2025).
O último Relatório GRSAC (Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas) foi divulgado em agosto deste ano. Eis a íntegra (PDF – 6 MB). O documento demonstra a avaliação dos impactos de eventos extremos, dos riscos e da transição para economia de baixo carbono para a estabilidade financeira.
O objetivo é transparecer de forma “clara, precisa, padronizada, periódica, sistemática de fácil acesso” as informações sobre ESG dos bancos, segundo Kathleen. “A ideia é justamente essa, que seja mais fácil perceber, por qualquer parte interessada, quais são as informações dos bancos em relação às suas exposições e em relação às suas iniciativas”, declarou. A divulgação dos dados é obrigatória.
O Banco Central disse que a consulta pública visa aprimorar as tabelas qualitativas que atualmente compõem o relatório e a inclusão de novas tabela, tanto qualitativas quanto quantitativas. As contribuições podem ser enviadas até 13 de fevereiro de 2026.
O novo formato do relatório entrará em vigor em janeiro de 2027. A 1ª divulgação será feita em 2028, com data-base referente a dezembro de 2027. O documento vai exigir mais informações de bancos, instituições e conglomerados (os S1 e S2).
As instituições que compõem o segmento S3 –instituições e conglomerados com tamanho de 0,1% a 1% do PIB (Produto Interno Bruto) –terão prazo adicional para divulgação dos novos requerimentos. O prazo para detalhar as informações ESG começa em 31 de dezembro de 2028.
“O que a gente está fazendo neste momento é ampliando essas normas, pegando essa norma e aprimorando, enriquecendo, trazendo maior granularidade de informações”, disse Moura.
As tabelas são feitas por recomendações da TCDF (Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima, na sigla em inglês). “A proposta ora apresentada está alinhada ao documento de Pilar 3 do BCBS (Comitê da Basileia para Supervisão Bancária) relacionada à divulgação de informações relacionadas aos riscos climáticos e complementa informações requeridas pela IFRS (International Financial Reporting Standards Foundation)”, disse o BC.
Inês disse que o BC exigirá informações adicionais se o banco faz análise de cenário climático, se tem planos de transição e quais são as considerações em análises. Na parte quantitativa, o BC vai pedir para os bancos tabelas que são focadas no risco de transição climática.
A assessora disse hoje que as informações requeridas atualmente são “puramente qualitativa”. E completou: “Com essas novas tabelas, a gente vai conseguir entender melhor, por exemplo, quanto que a instituição, dentro da sua carteira de crédito, está exposta lá no futuro a perder com uma enchente, a perder com um evento de uma seca”.





