O presidente interino e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou nesta 4ª feira (4.jun.2025) que o aumento das taxas sobre o aço e o alumínio impostas pelos Estados Unidos é “ruim para todo mundo”. Segundo ele, os produtos devem encarecer, mas o Brasil seguirá incentivando o diálogo sobre o tema.
“Olha, em relação ao aço, primeiro dizer que a medida que os Estados Unidos, o presidente, tomou ontem, aumentando o imposto de importação de 25% para 50%, não foi só para o Brasil, foi para o mundo inteiro. Então, não é ruim para o Brasil, é ruim para todo mundo, porque você vai encarecer os produtos”, declarou, depois de participar de um evento em Arinos (MG).
Alckmin repetiu que, no caso do aço, o Brasil e os Estados Unidos têm uma complementariedade econômica. Ou seja, enquanto se exporta muito aço para os norte-americanos, também importamos matérias primas para a siderurgia e os produtos elaborados com as exportações brasileiras.
Ele afirmou lamentar o aumento da taxa, mas que o caminho é incentivar o diálogo. Segundo o presidente, dos 10 produtos que os norte-americanos mais exportam para o Brasil, 8 não têm nenhuma tarifa de importação.
“Foi criado um grupo de trabalho pelo lado do Brasil, formado pelo MIDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e pelo Ministério das Relações Exteriores… Já tivemos reuniões presenciais e por videoconferência e vamos aprofundar esse diálogo e destacar que o Brasil não é problema para os Estados Unidos”, disse.
Na 3ª feira (3.jun), Trump assinou um decreto para aumentar as taxas, anteriormente fixadas em 25%, para 50%. O Brasil deve ser um dos países mais afetados pela medida, já que os Estados Unidos são o maior comprador de aço brasileiro e o 2º maior de alumínio.
As novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), sobre aço e alumínio, entraram em vigor nesta 4ª feira (4.jun).
“Artigos de aço são importados para os Estados Unidos em quantidades e circunstâncias que ameaçam comprometer a segurança nacional”, diz o decreto assinado por Trump.
Segundo o governo dos Estados Unidos, a medida busca proteger as indústrias norte-americanas de práticas comerciais consideradas desleais pela gestão Trump. A decisão tem como base a Seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962, que autoriza o presidente a ajustar importações quando há ameaça à segurança nacional. O decreto não foi uma surpresa. Trump já havia dito na 6ª feira (30.mai) que iria dobrar as tarifas.
Conforme o comunicado oficial do governo norte-americano, “os Estados Unidos não querem estar em uma posição na qual seriam incapazes de atender à demanda para defesa nacional e infraestrutura crítica em uma emergência nacional”.
As tarifas anteriores de 25% dos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio do Brasil entraram em vigor em 12 de março.
O segmento de aço e alumínio vendeu US$ 5,29 bilhões no ano passado para os EUA. Representou 39,4% do que os brasileiros exportaram para o mundo em 2024.
As novas tarifas se aplicarão apenas a produtos que contêm aço e alumínio como componentes, mas não são feitos inteiramente desses metais.
Os demais componentes continuarão sujeitos às tarifas já existentes para cada categoria de produto.
O governo dos EUA endurecerá o controle sobre declarações de importação, exigindo relatórios rigorosos do conteúdo metálico dos produtos. Empresas que fornecerem informações falsas podem ser multadas ou perder o direito de importar.
A medida é um retorno às políticas do 1º mandato de Trump, quando as tarifas sobre aço e alumínio levaram a uma queda de quase ⅓ nas importações de 2016 a 2020.
Ainda conforme o comunicado da Casa Branca, o uso de capacidade da indústria siderúrgica norte-americana caiu de 80% em 2021 para 75,3% em 2023. No setor de alumínio, o índice despencou de 61% em 2019 para 55% em 2023.
Trump já havia restaurado e fortalecido as tarifas da Seção 232 no início de 2025, decisão “amplamente celebrada” pelos setores afetados, segundo a Casa Branca.