Até 50 brasileiros estão em área afetada pelos conflitos na Síria, segundo o Ministério das Relações Exteriores. O confronto entre apoiadores do novo governo e forças leais ao ex-presidente Bashar al-Assad já vitimou ao menos 1.000 pessoas.
Contudo, a Embaixada do Brasil em Damasco, capital da Síria, informou que não há registro de brasileiros mortos no conflito.
Na 2ª feira (10.mar.2025), o Itamaraty emitiu uma nota pedindo que brasileiros deixem a Síria, afirmando estar preocupado com a escalada de violência no país. Membros da embaixada estão em contato com representantes de comunidades brasileiras na região.
O Itamaraty ainda elaborou uma lista com recomendações para brasileiros que estejam na Síria ou queiram viajar ao país. São elas:
“Ao expressar repúdio ao recurso à violência, sobretudo contra civis, o Brasil transmite condolências aos familiares das vítimas e insta as partes envolvidas ao exercício da contenção. Reitera, ainda, sua posição em favor de transição política pacífica e inclusiva, com respeito da independência, unidade, soberania e integridade territorial da Síria”, disse o Itamaraty, na nota.
O gabinete de Ahmad al-Sharaa, presidente interino da Síria, declarou no domingo (9.mar) que o governo vai formar um comitê independente para investigar as mortes em confrontos entre apoiadores do novo regime e forças leais ao ex-presidente Bashar al-Assad.
“Anunciamos a formação de uma comissão de apuração de fatos sobre os acontecimentos na costa e formamos uma comissão superior”, disse al-Sharaa. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, mais de 1.000 pessoas já morreram nos confrontos entre apoiadores do ex-presidente e as forças de segurança do novo regime do país.
Um porta-voz da Federação Alauíta na Europa, identificado apenas como Mert, afirmou que grupos jihadistas ligados ao novo governo da Síria estão promovendo uma “limpeza étnica” contra a minoria alauíta no país. Contou, em entrevista à TV Globo no domingo (9.mar), que corpos estão sendo jogados no mar ou queimados para tentar acobertar as mortes.
“Precisamos de intervenção internacional. Isso é realmente importante, porque está acontecendo uma limpeza étnica. É um genocídio”, disse o porta-voz, que afirmou ter medo de mostrar o rosto.
Grupo étnico-religioso ao qual pertence o ex-presidente Bashar al-Assad, os alauítas representam cerca de 10% da população síria. A comunidade tem o núcleo localizado nas províncias costeiras de Latakia e Tartus. Os confrontos eclodiram depois de os alauítas lançarem um ataque às forças de segurança na cidade de Jableh, em Latakia. O ataque resultou na maior onda de violência no país desde a queda de Assad em dezembro de 2024.
Mert afirma que o número de mortes é muito maior do que foi divulgado. O porta-voz alega que jihadistas aliados do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), grupo rebelde responsável por depor al-Assad do poder, cometem crimes contra a população.