Artistas negros foram convidados para apresentar uma proposta reflexiva sobre a . Na exposição Constituinte do Brasil Possível, 22 artistas imaginam como seria o Brasil se a Constituição tivesse contado com uma participação equitativa da população negra.
Apresentada primeiramente no Rio de Janeiro, a mostra está em cartaz em Brasília, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), até 26 de setembro. Segundo a curadora Mariana Luiza, a experiência política e constitucional africana foi o ponto de partida para imaginar um Brasil possível desde a abolição da escravidão até os dias de hoje.
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“Propomos refundar os marcos históricos do constitucionalismo brasileiro, ampliando uma imaginação constitucional que, até hoje, deixou de fora do seu projeto de nação mais da metade de sua população”, explica a curadora.

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1 de 3 Exposição Constituinte do Brasil Possível, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília Divulgação
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2 de 3 Exposição Constituinte do Brasil Possível, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília Divulgação
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3 de 3 Exposição Constituinte do Brasil Possível, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília Divulgação
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Na exposição, documentos constitucionais do Mali e do Haiti são utilizados como referência pelos artistas para a inclusão da população negra e, sobretudo, feminina na constituição brasileira.
“A arte aqui não é utópica, é concreta”, destaca Mariana.
Arte política
Na exposição, em Brasília, o artista Lucius Goyano traz uma pintura que imagina um diálogo entre André Rebouças, engenheiro e líder abolicionista, e os artistas João e Arthur Timóteo da Costa. O resgate de símbolos do povo negro traz dignidade e humanidade para um contexto histórico escanteado.
“A pintura nos convida a refletir sobre a continuidade do pensamento negro, destacando o legado intelectual desses personagens e sua capacidade de inspirar novos paradigmas para a luta antirracista e a produção artística contemporânea”, pontua o artista.
A mostra também inclui uma nova geração na imaginação do Brasil possível, como é o caso de Fênix Valentim, de 12 anos. Ela utiliza a para imaginar a participação da população negra nas terras que foram distribuídas, em tese, para “promover justiça social”.
“Acho que temos que mostrar para todo mundo o que a população negra já passou. Tivemos conquistas importantes, mas as pessoas negras ainda sofrem com injustiças. Temos muita luta pela frente e muitas coisas para conquistar”, reflete Fênix.
Reeducação social
A exposição, no atual contexto, acaba se tornando uma expansão do que a arte negra entrega para o público atualmente: um espaço para refletir, aprender e projetar um futuro melhor. Segundo a artista Pamella Wyla, a Constituinte do Brasil Possível surge exatamente neste contexto.
“A arte tem, muitas vezes, um papel educativo. A imagem, o que ouvimos e o que lemos, nos educa e nos estimula. Seja de forma positiva ou negativa. Pessoas negras fazendo arte, falando desde amor até denuncias e pontos sensíveis, é além de importante, é um direito.”Pamella Wyla
A artista enxerga, ainda, parte da reivindicação por direitos da população negra como utopia, mas garante que a luta continua. “Existem políticas públicas, existem estudos e pesquisas. Mas, na prática, nada funciona muito bem. Tudo parece utopia, até a felicidade e liberdade, mas seguimos tentando”.
A exposição fica em cartaz em Brasília até 26 de setembro, mas a curadoria do projeto desenvolve medidas para que o conteúdo exposto fique disponível permanentemente para o público geral.
A curadora e cineasta desenvolve o filme A Cor Da Margem, a obra imersiva de não-ficção Redenção e o , que produz pesquisas e materiais pedagógicos focados na população negra para professores e educadores sociais. Além disso, existe a pretensão de disponibilizar o conteúdo exclusivo da exposição em um site.
“Lançaremos um site na última semana de setembro, que contará com uma edição virtual da exposição realizada no Rio de Janeiro. Assim, o conteúdo vai permanecer disponível e vai se expandir para além das galerias e centros culturais”, revela Mariana Luiza.