• Sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Após bloqueio à COP30, indígenas cobram reunião com Lula

Protesto afetou a agenda da conferência e reforçou acusações de ameaças ambientais em territórios tradicionais.

Indígenas de 5 povos da Amazônia bloquearam nesta 6ª feira (14.nov.2025) a entrada principal da Zona Azul da COP30, em Belém (PA), para cobrar uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e exigir a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que criou o Plano Nacional de Hidrovias. O ato atrasou reuniões do 5º dia de negociações climáticas.

Cerca de 100 representantes dos povos Tapajós, Munduruku, Tukano, Tupinambá e Tapuia também protestaram contra grandes empreendimentos em territórios indígenas, pediram a suspensão da Ferrogrão e reforçaram a demanda por demarcação de terras. Havia uma expectativa de que Lula anunciasse novas demarcações durante sua presença no evento, o que não ocorreu.

Não há, porém, previsão de que Lula volte a Belém na próxima semana, de acordo com o cronograma provisório de compromissos do presidente divulgado pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência).

O 1º bloqueio se deu das 6h às 10h, seguido de reunião com o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, e as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas). Um 2º grupo repetiu o ato às 11h30 e foi levado a um auditório para encontro com autoridades. Lideranças criticaram a falta de participação nas negociações oficiais.

O governo afirmou ter credenciado número recorde de indígenas para a conferência e prometeu novas reuniões. Guajajara disse que levará as demandas aos ministérios responsáveis e que a fiscalização nos territórios será ampliada.

Lideranças Munduruku disseram que consideram o diálogo um avanço, mas aguardam uma resposta direta de Lula, especialmente sobre o decreto das hidrovias. Também demonstraram preocupação com a Ferrogrão, ferrovia que ligará Mato Grosso ao Pará, e com projetos de carbono realizados sem consulta prévia aos povos indígenas.

O protesto ocorreu em dia decisivo das negociações, quando se esperam que os textos temáticos comecem a ser destravados para a semana seguinte, que é quando acontecem as reuniões ministeriais.

A mobilização ocorre 3 dias depois de indígenas Munduruku terem protestado na área externa da conferência. Na 3ª feira (11.nov), um grupo de 50 pessoas, dentre elas diversos indígenas, tentou entrar na Zona Azul da COP30 sem autorização.

A tentativa de invasão provocou confusão entre os manifestantes e os seguranças da ONU (Organização das Nações Unidas), que fizeram uma barreira física para impedir o acesso total à área. Dois seguranças ficaram feridos. Ninguém foi preso.

Na 4ª feira (12.nov), o secretário-executivo para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, Simon Stiell, enviou uma carta ao gabinete do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para exigir que as autoridades brasileiras desenvolvessem um plano para lidar com as falhas de segurança, altas temperaturas, alagamentos e outras condições precárias na COP30.

A Cúpula dos Povos programou para sábado (15.nov) uma grande manifestação em Belém, que pode voltar a impactar a agenda oficial da COP30.

Por: Poder360

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