• Sexta-feira, 4 de julho de 2025

Amorim defende que Brasil mantenha relações mínimas com Israel

Assessor de Lula disse que Brasil não deve aceitar indicação de novo embaixador e defendeu apoio à ação por genocídio na Corte Internacional.

O assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Amorim, defendeu que o Brasil não aceite a indicação de um novo embaixador israelense e ingresse na ação por genocídio movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça. As declarações foram feitas em entrevista à Folha de S. Paulo publicada nesta 6ª feira (4.jul.2025).

“A posição correta hoje, na minha opinião, é  a gente entrar como parte na ação da África do Sul por genocídio, manter as relações em níveis mínimos e ser muito severo no acordo de livre comércio, talvez até suspendê-lo”, afirmou o ex-ministro das Relações Exteriores..

O assessor classificou a resposta de Israel ao ataque do Hamas em outubro de 2023 como “totalmentedesproporcional”. “É muito ruim matar 2.000 pessoas, é péssimo, é horrível e condenável. Mas matar 60 mil, 70 mil… mulheres e crianças na fila humanitária, é impensável”, afirmou.

Amorim fez distinção entre o povo judeu, o Estado de Israel e o governo de Benjamin Netanyahu. “É preciso distinguir o povo judeu, que deu imensas contribuições à humanidade; o Estado de Israel, que tem direito de existir e de se defender contra o terrorismo ou o que for; e o governo Netanyahu, que está praticando um genocídio”, disse.

Na entrevista, Amorim comentou a ausência do presidente chinês Xi Jinping na cúpula do Brics no Rio de Janeiro, que será realizada a partir de domingo (6.jul.2025). “O presidente Xi Jinping é hoje uma personalidade de grande importância no mundo. Evidentemente as decisões que ele toma têm um impacto que vão além, digamos, da posição dele na burocracia chinesa. Então eu lamento”, afirmou. “Mas também você tem que respeitar. Não podemos aqui dizer que estamos ofendidos, nem nada disso. Agora, que ele faz falta, faz.”, disse, ressaltando que Lula encontrou Xi duas vezes nos últimos 6 meses.

O ex-ministro também criticou o afastamento dos Estados Unidos, sob Donald Trump (Partido Republicano), do multilateralismo. “É surpreendente que a maior potência do mundo, que criou o sistema multilateral, tenha se afastado e o abandonado”, afirmou, defendendo o papel do Brics na manutenção do sistema internacional.

Sobre eventuais sanções americanas contra ministros do Supremo Tribunal Federal, Amorim disse: “É uma coisa totalmente absurda. Qual vai ser a medida concreta que a gente vai tomar, eu não sei. Mas é uma coisa totalmente absurda e inaceitável. Eu não creio que os Estados Unidos chegarão a esse ponto, mas, se isso ocorrer, haverá certamente medidas da nossa parte.”

Por: Poder360

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