• Domingo, 30 de março de 2025

Americanos não acharam morador da Groenlândia que recebesse segunda-dama dos EUA, diz mídia

Segundo TV2, da Dinamarca, resistência foi um dos motivos para governo Trump cancelar presença em corrida de trenós

Nos últimos dias, funcionários americanos bateram de porta em porta na capital da Groenlândia, Nuuk, na tentativa de encontrar um morador disposto a receber a segunda-dama dos Estados Unidos, Usha Vance -em vão, segundo a dinamarquesa TV 2.

 

De acordo com o gabinete de Usha, ela visitaria a ilha para "aprender sobre o patrimônio" da região. "Em todos os lugares, a resposta foi a mesma: 'Não, obrigado'", disse Jesper Steinmetz, correspondente da emissora, que revelou a história nesta quarta-feira (26). O veículo atribui recentes mudanças de planos na viagem à rejeição da população.

A ideia inicial era que Usha passasse por pontos históricos e participasse de Avannaata Qimussersu, a tradicional corrida nacional de trenós puxados por cães. "A Sra. Vance e a delegação estão animados para testemunhar esta corrida monumental e celebrar a cultura e a unidade da Groenlândia", disse seu gabinete em um comunicado, na semana passada.

Protestos contra a visita e, segundo a TV 2, o fracasso em encontrar quem recebesse a segunda-dama, no entanto, fizeram o governo de Donald Trump, que repetidamente tem ameaçado tomar a ilha, mudar os planos. Agora, o vice-presidente americano, J. D. Vance, e sua esposa devem apenas visitar a base americana de Pituffik, no norte do território.

O novo cronograma deve poupar o casal de ser recebido com protestos -nas últimas semanas, manifestantes organizaram alguns dos maiores atos já vistos na ilha. No fim de janeiro, uma pesquisa encomendada pelo jornal dinamarquês Berlingske e pela publicação groenlandesa Sermitsiaq apontou que 85% da população local (a ilha tem 57 mil habitantes) não querem fazer parte dos EUA.

Outra possível razão para a alteração da agenda é a pressão da Dinamarca. A intenção de comparecer à corrida de trenó abriu uma disputa diplomática entre Washington e Copenhague, que acolheu a decisão final de cancelar os planos -para o ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, a mudança representou uma desescalada da situação.

Nesta quinta-feira (27), a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, elogiou a população groenlandesa por demonstrar resiliência diante das investidas dos EUA.

"A atenção é esmagadora e a pressão é grande, mas é em momentos como estes que vocês mostram do que são feitos", escreveu Frederiksen no Facebook. "Vocês não se intimidaram. Vocês defenderam quem são -e mostraram pelo que lutam. Isso tem o meu mais profundo respeito."

A fala ocorre um dia após Trump reiterar seu desejo de adquirir a ilha. "Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e internacional. Então, acho que vamos tão longe quanto for necessário. Precisamos da Groenlândia e o mundo precisa que tenhamos a Groenlândia, incluindo a Dinamarca", disse Trump a jornalistas no Salão Oval, na Casa Branca. Mais cedo, em entrevista ao podcaster Vince Coglianese, declarou que a população local tem de ser convencida sobre a necessidade da anexação. "Odeio dizer isto, mas vamos ter de tomar posse deste vasto território ártico."

O ministro da Defesa dinamarquês, Troels Lund Poulsen, criticou as declarações do republicano. "Essas declarações sobre um aliado próximo não são adequadas para o presidente dos EUA", disse ele a jornalistas em Copenhague, nesta quinta. "Preciso falar claramente contra o que vejo como uma escalada por parte dos americanos."

Por: NOTÍCIAS AO MINUTO

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