• Terça-feira, 4 de novembro de 2025

Alemanha planeja repatriar 1 milhão de sírios

Chanceler da Alemanha defende que refugiados devem retornar para reconstruir país de origem.

O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz (CDU, centro-direita), defendeu na 2ª feira (3.nov.2025) que sírios não têm mais motivos para asilo no país europeu depois do fim da guerra civil na Síria. As informações são da agência Reuters.

O conflito chegou ao fim em dezembro de 2024, com a queda do regime de Bashar al-Assad e a tomada do poder pelo grupo HTS, liderado por Ahmed al-Sharaa. Apesar disso, o país ainda enfrenta grave crise humanitária.

“Não há mais motivos para asilo na Alemanha e, portanto, também podemos começar com repatriações”, afirmou o chanceler durante uma visita a Husum, no norte da Alemanha.

Merz acrescentou que espera o retorno voluntário de muitos refugiados para a reconstrução de seu país de origem. “Sem essas pessoas, a reconstrução não será possível. Aqueles na Alemanha que se recusarem a retornar ao país podem, é claro, também ser deportados em um futuro próximo”, afirmou.

A AfD (Alternativa para a Alemanha) tem avançado nas pesquisas para as eleições estaduais de 2026. O partido faz campanha com plataforma anti-imigração e argumenta que o Islã é incompatível com a sociedade alemã.

A migração tem liderado consistentemente as pesquisas sobre as principais preocupações dos alemães nos últimos anos. Estrategistas de outros partidos de direita, como a CDU (União Democrata-Cristã), de Merz, divergem sobre como conter o avanço da legenda: alguns defendem política de asilo mais rígida, enquanto outros preferem confronto direto com a organização.

O Escritório Federal de Proteção à Constituição da Alemanha classificou em maio o partido AfD como “extremista de direita”.

A Alemanha recebeu o maior contingente de refugiados sírios entre os países da UE (União Europeia) durante o conflito de 14 anos. Atualmente, cerca de 1 milhão de sírios vivem em território alemão, resultado da política de portas abertas implementada pela ex-chanceler Angela Merkel, também da CDU.

Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), aproximadamente 70% da população na Síria ainda depende de ajuda humanitária. No 1º semestre de 2025, só 1.000 sírios retornaram ao seu país com assistência federal alemã. Centenas de milhares de sírios no país europeu têm somente autorizações de residência temporárias.

O chefe da Chancelaria, Thorsten Frei, disse na 2ª feira (3.nov.2025) que homens jovens muçulmanos sunitas não estão “sujeitos a nenhum perigo ou risco de destituição na Síria atualmente”. O governo alemão também convidou o presidente sírio Ahmed al-Sharaa para discutir a questão.

A co-líder da AfD, Alice Weidel, criticou a posição do ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul, que reforçou os alertas da ONU sobre as condições na Síria. Weidel chamou a postura de Wadephul de “um tapa na cara das vítimas da violência islamista”, referindo-se à prisão de um sírio de 22 anos em Berlim no domingo (2.nov.2025), acusado de preparar um ataque.

Frei argumentou que “a Alemanha só poderá ajudar pessoas em tais situações de forma duradoura se, uma vez pacificado o país, uma grande proporção dessas pessoas retornar à sua pátria”.

Por: Poder360

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