Cada dólar investido em adaptação climática é capaz de gerar outros US$ 10 em benefícios ao longo de dez anos, segundo um estudo do WRI (World Resources Institute), que analisou ações em 12 países em um universo de US$ 133 bilhões em investimentos.
A análise reuniu finanças de 320 iniciativas, que juntas resultaram em um potencial de retorno superior a US$ 1,4 trilhão no período de uma década.
Segundo os pesquisadores, foram considerados apenas investimentos voltados à redução ou gestão de riscos climáticos físicos, como agricultura resiliente ao clima, expansão dos serviços de saúde e proteção contra inundações urbanas. Nas análises, 50% dos retornos ocorreram mesmo sem que houvesse alguma ocorrência, aponta o relatório.
Os investimentos avaliados apresentam benefícios significativos e diversos para os três tipos de dividendos analisados: perdas evitadas; benefícios econômicos induzidos, como empregos e produtividade; e benefícios socioambientais.
“Um dos achados mais marcantes é que os projetos de adaptação não dependem de desastres para gerar valor. Eles produzem benefícios todos os dias: mais empregos, mais saúde e economias locais mais fortes”, disse o pesquisador sênior do WRI, Carter Brandon.
Segundo a pesquisa, o investimento em adaptação tem esse efeito por apresentar valor constante e ser capaz ainda de promover o desenvolvimento de forma sustentável. Por exemplo, ao proteger uma zona costeira, o local usufrui de serviços ecossistêmicos, como habitat saudável para pescados e mariscos, e ainda mantém uma área beneficiada pelo lazer. “Uma boa adaptação é também um bom desenvolvimento”, destaca o relatório.
Sinergia entre adaptação e mitigação também foi observada nas iniciativas analisadas, das quais quase metade gerou redução de gases de efeito estufa. Segundo os pesquisadores, isso amplia o acesso a financiamento climático e mercado de carbono.
A análise aponta ainda que os retornos financeiros médios desses investimentos são de 27%, mas em alguns setores, como saúde, podem ultrapassar 78%. Apenas 8% das avaliações econômicas desses investimentos estimaram o valor monetário dos dividendos.
Esse índice, segundo o estudo, indica uma necessidade de melhoria no método de avaliação realizado por bancos multilaterais de desenvolvimento e outras instituições de financiamento, como fundos e governos. “A melhoria da imagem dos diversos retornos dos investimentos em adaptação poderia motivar os investidores e reduzir o deficit de financiamento da adaptação”, informou o relatório.
O campeão de alto nível da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), Dan Ioschpe, destacou a importância da pesquisa para alavancar investimentos entre setores não governamentais. A COP30 será realizada em novembro em Belém, no Pará.
Com informações da Agência Brasil.