O mistério da mansão em ruínas no bairro de , se transformou em um dos casos criminais mais chocantes já revelados no Brasil. A história de Margarida Bonetti — a mulher que vive reclusa em um casarão tomado pelo abandono — volta agora ao centro das atenções com a estreia da minissérie , no Prime Video.
A produção expande o enredo que, em 2022, ganhou repercussão nacional com o podcast de Chico Felitti, mas desta vez dá protagonismo a Hilda Rosa dos Santos, a verdadeira vítima do casal Bonetti.
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Escravidão em plena capital americana
Nos anos 1970, Margarida se casou com o engenheiro Renê Bonetti, contratado por uma empresa que produzia satélites e foguetes para a NASA. Juntos, mudaram-se para Maryland, nos Estados Unidos, levando Hilda, uma empregada doméstica negra, analfabeta e vinda do interior de Minas Gerais.
O que parecia uma oportunidade de uma vida melhor se transformou em um pesadelo. Segundo a investigação do FBI e relatos de vizinhos, Hilda passou décadas sendo mantida em condições análogas à escravidão. Ela vivia confinada no porão da casa, dormia em uma cama improvisada, se alimentava de restos de comida e tinha a geladeira trancada com cadeado para impedir que pegasse mantimentos.

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1 de 4 Hilda dos Santos Divulgação
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2 de 4 Hilda teve sua liberdade roubada pelo casal Bonetti Divulgação
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3 de 4 A Mulher da Casa Abandonada Reprodução
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4 de 4 Margarida Bonetti foi acusada de ter mantido uma mulher nos Estados Unidos em condições análogas à escravidão Fábio Vieira/ Metrópoles
Relatos da própria Hilda, exibidos na série, mostram que ela sofreu ameaças, agressões físicas e abandono médico mesmo quando enfrentava sérios problemas de saúde, como um e uma infecção grave na perna. Vizinhos relataram ver hematomas em seu corpo e, em alguns momentos, chegaram a acolhê-la às escondidas.
Justiça nos EUA e fuga para o Brasil
O caso foi investigado pelas autoridades americanas no início dos anos 2000. Renê Bonetti foi condenado a seis anos e meio de prisão e obrigado a pagar indenização de US$ 110 mil a Hilda. Margarida, porém, fugiu para o Brasil e passou a viver na mansão da família em .
Como o Brasil não extradita seus cidadãos, Margarida nunca voltou aos para responder ao processo. Oficialmente, ela permanece foragida da Justiça norte-americana. Durante anos, foi vista pelas ruas de São Paulo coberta por uma pomada branca no rosto, alimentando o mistério em torno da “mulher da casa abandonada”.
O reencontro com Hilda
Com o sucesso do podcast, pistas sobre o paradeiro de Hilda começaram a surgir. A diretora da minissérie, Kátia Lund, viajou aos Estados Unidos e conseguiu localizá-la. Hoje, Hilda vive reclusa, mas aceitou contar diante das câmeras os detalhes do que sofreu durante décadas.
O enredo que começou com a curiosidade de um jornalista sobre uma mansão abandonada revela, na verdade, um dos capítulos mais perturbadores da relação entre Brasil e Estados Unidos. Uma mulher da elite paulista que se refugiou no sobrenome da família para escapar da Justiça, e uma empregada invisível que resistiu ao silêncio e à violência.