Parte delas passa despercebida em consultas de rotina, mas podem esconder um risco alto. Um estudo recente indicou, por exemplo, que a combinação de duas condições comuns eleva em 83% o risco de morte nessa fase da vida.
Segundo o estudo, ter acúmulo de gordura abdominal ao mesmo tempo em que leva a um ciclo vicioso que aumenta o risco de morte, especialmente por eventos cardiovasculares.
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A pesquisa publicada na revista , em 2024, resulta de parceria entre a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e a University College London. O trabalho analisou dados de aproximadamente 5 mil pessoas ao longo de 12 anos para entender quais fatores silenciosos poderiam ser mais prejudiciais à saúde.
Isoladas, essas alterações já preocupam médicos. Juntas, revelam cenário mais grave. A combinação caracteriza a condição chamada obesidade sarcopênica, marcada por acúmulo de gordura e, com impacto direto na autonomia e na sobrevida.
Os voluntários, todos participantes do Estudo Longitudinal Inglês sobre Envelhecimento (ELSA), tinham 50 anos ou mais no início da análise e foram acompanhados por 14 anos. A comparação mostrou diferença clara de desfechos. Pessoas sem gordura abdominal e sem perda muscular apresentaram menor mortalidade. Já participantes com ambas as condições tiveram risco de morte 83% maior durante o período observado. A perda progressiva de massa muscular sozinha levou a um aumento médio de 40% do risco e a obesidade abdominal teve um risco médio mais modesto, de 9%.
Diagnóstico difícil
A obesidade sarcopênica costuma ser difícil de identificar. O diagnóstico tradicional depende de exames caros, como ressonância magnética e tomografia computadorizada. Isso limita acesso em sistemas públicos e em regiões com poucos recursos.
“Ao correlacionarmos os dados dos participantes do estudo ELSA, descobrimos que medidas simples podem ser utilizadas para detectar a obesidade sarcopênica”, afirma Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da UFSCar, em entrevista à Fapesp.
“Isso é importante porque a falta de consenso sobre os critérios diagnósticos dessa doença dificulta sua detecção e tratamento”, diz o pesquisador. Para contornar isso, os autores do estudo adotaram critérios práticos. A obesidade abdominal foi definida por circunferência maior que 102 centímetros em homens e 88 centímetros em mulheres.
A baixa massa muscular foi caracterizada por índice de massa muscular esquelética inferior a 9,36 kg/m² para homens e 6,73 kg/m² para mulheres. Esses parâmetros permitiram identificar grupos de maior risco de forma acessível.

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Riscos após os 50 anos
A relação entre gordura abdominal e perda muscular cria um ciclo prejudicial. O excesso de gordura intensifica processos inflamatórios no organismo. Essa inflamação acelera alterações metabólicas e favorece a degradação do músculo.
“Além de uma condição interferir na outra, a gordura se infiltra no músculo e ocupa seu espaço. Esse processo compromete funções metabólicas, endócrinas, imunológicas e funcionais do tecido muscular”, explica Valdete Regina Guandalini, professora da Universidade Federal do Espírito Santo e primeira autora do artigo.
O trabalho indica que avaliações simples em consultas de rotina podem salvar vidas. Medidas acessíveis permitem triagem em larga escala, sem depender de tecnologia restrita a grandes centros.
A pesquisa também reforça o papel do estilo de vida. Alimentação adequada e exercícios de força ajudam a preservar massa muscular e controlar gordura abdominal e, de quebra, aumentar nossa expectativa de vida.